Vereador queria trabalhar
Há tempos não distantes havia um vereador de nossa Câmara Municipal que, junto com sua esposa, havia adotado mais de vinte filhos em um trabalho social inédito na Vila Tibério. Sua mulher foi considerada em um programa da TV Tupi, que era comandado por Blota Junior, como a Mãe do Ano, nacionalmente. Afora isso, sempre foi um político que procurava trabalhar no Legislativo e também politicamente para quem tinha ideias semelhantes às suas. Participava de um partido e tinha ideais.
Convite para ir para a capital
Certas feita ele foi convidado por um alto dirigente partidário que vislumbrou em sua liderança um apoio futuro para sua candidatura. Sem o dizer, indicou-o para trabalhar no Palácio dos Bandeirantes, na capital. Era um cargo com nome pomposo e com salário identicamente polpudo. Cheio de orgulho, ele avisou a família, pegou o “Cometão” e se dirigiu para São Paulo, pleno de esperança e vontade de batalhar pelos seus ideais. Apresentou-se ao porteiro que possuía seu nome e a orientação para ele se dirigir a um chefe de sua seção do “batente”.
Apresentações de praxe
Ele foi levado perante a uma pequena plateia em que suas virtudes foram enfatizadas e até arrancaram algumas palmas. Ele seria lotado em importante setor responsável pelo apoio logístico ao Governador do Estado, supremo orgulho. Terminada a exposição sobre qual seria sua missão os poucos que estavam na grande sala voltaram-se para seus trabalhos, ocupando as mesas e cadeiras existentes. Ele se assustou, pois não havia sobrado nenhum lugar em que ele deveria se sentar para colocar todas as suas reivindicações para sua cidade e região.
Chefe é chefe
Todo “cheio de dedos’ procurou o chefe que havia feito a sua apresentação pomposa e perguntou qual era a sua mesa de trabalho. Surpreso o referido superior lhe disse que não havia trabalho. Somente ele deveria enviar pelo Correio, todo final de mês, o dia a dia de pontos assinados para que se completasse a folha de serviços prestados para que fosse feita a folha mensal. Mais incrédulo ainda ele questionou dizendo que queria trabalhar, tinha muitos sonhos e reivindicações de seu povo, etc. O chefe, já ríspido, lhe disse: – “Meu amigo, aqui e política, não se trabalha. Colocamos os amigos dos políticos para receberem seus salários sem questionamentos. Volte para Ribeirão Preto, envie seus pontos mensais e passe bem…”. O vereador, tal e qual “cachorro caído de mudança” voltou de ônibus para Ribeirão Preto. Não entendia o que havia acontecido. Ficou a viagem inteira matutando o que faria. Em aqui chegando bateu uma carta de demissão colocando que deixava de assumir seu trabalho por falta de condições para exercê-lo e por não ter encontrado sua mesa e cadeira do labor.
Pito
Ainda no dia do retorno recebeu telefonema de São Paulo do político que o indicou que lhe passou um “pito” por não ter aceito o pseudo serviço, dizendo-lhe que a política era assim mesmo. Ele reiterou a demissão e denunciou a situação pela tribuna da Câmara. Ficou sem emprego no Estado e outro foi indicado para seu lugar. Seu nome: José Rosário Caminiti, já falecido.