Tribuna Ribeirão
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Larga Brasa

A cidade do ‘la tinha’
Ribeirão Preto teve pujança industrial durante décadas. Havia nos Campos Elíseos o Matarazzo com milhares de postos de trabalho, onde se procedia a elaboração dos tecidos e estamparia com mo­dernos teares e atualíssimas estampas dentro da modernidade da época. Aquela indústria possuía também um setor de bene­ficiamento de algodão, na rua Saldanha Marinho. Eram famílias inteiras que trabalhavam em diversos turnos sem parar, conti­nuamente. Era pujante e a direção local possuía estreita ligação com a alta cúpula da família Matarazzo. Posteriormente ela se transformou em Cianê, mantendo o ritmo de trabalho intenso. As condições não foram favoráveis ao grande complexo industrial e ele fechou suas portas deixando milhares de metros de constru­ções que pouco foram aproveitadas.

A Antarctica
A Cervejaria Antarctica Paulista que também abastecia a região toda e a outros estados brasileiros na região Central, abrigava vagas de empregos para milhares de famílias da Vila Tibério. De uma forma sútil, sem que ninguém pudesse prever sua mudança, encerrou suas atividades fazendo com que Ribeirão Preto perdesse o título de “A Capital da Cerveja”.

Ceterp
Perdemos a Ceterp de uma forma arquitetada por políticos e seus assessores inicialmente com a transferência de ações para os chamados “Fundos de Pensões”, que no contrato da compra das ações minoritárias, ficou atente que eles teriam “Direito a Veto”. De nada adiantaria a diretoria fazer um planejamento, pois ele iria ser vetado pelos minoritários. Posteriormente colocaram a ‘pá de cal’ e transferiram as ações totais para empresa espanhola que pagou a telefonia fixa e ganhou de presente a telefonia móvel. Centenas de empregados perderam seus empregos.

Fepasa
Com as transformações que fizeram na antiga Mogiana e depois Fepasa, milhares de demissões de ferroviários ocorreram. Nós perdemos a ferrovia que transportava muitos produtos da região e oferecia empregos aos moradores de Vila Tibério e bairros pró­ximos. Foi outra perda sentida pelo povo de nossa cidade.

Muitas outras empresas nos deixaram
Sem que houvesse atrativo para a implantação de um polo in­dustrial pujante, muitas indústrias migraram para Cravinhos, Sertãozinho, Jardinópolis, e adjacências ficando uma indústria israelense de médio porte, que até hoje está nas proximidades da antiga Usina Balbo. Por tantas perdas o povo jocosamente cha­ma Ribeirão Preto da cidade do “lá tinha”. Lá tinha Antarctica, lá tinha Cianê, la tinha Ceterp etc.

A última grande indústria
Um vice-prefeito jovem, ao assumir a Prefeitura, na ausência do prefeito Gasparini, que na ocasião foi ampliar seus conhecimen­tos de administração municipal na Alemanha, resolveu abrir as portas da Prefeitura para a população fazer a reclamação dire­ta ao Chefe do Executivo. Dentre muitas sugestões e inúmeras reclamações havia um cidadão bem vestido, com uma pasta do tipo 007 que disse ao então prefeito que iria levar a indústria que representava para Araraquara, pois as dificuldades antepostas pelos assessores eram intransponíveis. O impetuoso político fi­cou sabendo das jogadas que eram feitas para que se comprasse esta ou aquela área. O advogado disse que ficaria, se o ocupante do cargo lhe desse uma declaração que ele poderia construir sua indústria até na Praça XV. Ele respondeu afirmativamente, “desde que o senhor me traga um documento do Fesb (Fundo Estadu­al de Saneamento Básico) afirmando que a indústria não seria agente poluidor ou que teria salvaguardas para evitar problemas para a população e para o meio ambiente”. O advogado pergun­tou para quando ele daria a prometida declaração. O vice disse hoje, “se o senhor me trouxer o documento”. O advogado foi a São Paulo de táxi aéreo e trouxe o documento. No mesmo dia o jovem prefeito em exercício deu a autorização, pois ele sabia que o local escolhido era Bonfim Paulista. Era a 3M que no começou chegou a ter mais de 2 mil funcionários. Foi a última grande indústria que veio a Ribeirão Preto.

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