Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Duro na queda
Em algumas oportunidades os alemães, cujo país tinha um convênio com o Brasil e com Ribeirão Preto em especial, vie­ram nos visitar. Muitas autoridades do mais alto escalão esti­veram em nossa região para estudar perspectivas de investi­mentos, entre outras coisas. Em determinada missão, chegou à Prefeitura, dentre os visitantes, o chefe da polícia especial do “Muro de Berlim”. Ele falava português sem tropeços e sua esposa melhor ainda. Todos ficaram encantados com a nossa região. Visitaram os clubes em que as vastas áreas ajardina­das foram muito elogiadas. Ficaram maravilhados com um jantar no Bosque Municipal, no restaurante que havia naquele bucólico local. Os visitantes levaram boa impressão e fizeram o convite para que, quando visitássemos o seu país, seríamos convidados para um jantar, na residência do encarregado pela fiscalização do famoso Muro.

Aconteceu
Quando fizemos um curso na Fundação Alemã para os Países em Desenvolvimento, em Berlim, tivemos a oportunidade de novamente sermos convidados para o jantar na casa do casal que falava português. Estávamos no final da refeição quando apareceram dois alemães muito fortes que deram uma palavra com o casal. Nos foi passado que ele precisaria ir até a um local onde estava havendo uma manifestação de jovens em prol de sem tetos e que estes ocupavam algumas casas mais antigas, com faixas e cartazes e quebrando vitrines das lojas vizinhas etc. O policial qualificado pediu escusas e nos fez um convite para o acompanharmos. E lá fomos nós.

Na rua do Príncipe Eleitor
A avenida principal de Berlim é denominada “Rua do Príncipe Eleitor”. Perto dela estava havendo a manifestação. Os poli­ciais utilizavam tanques usados na II Guerra, mais ágeis para levar o efetivo. Cada policial portava um cassetete de quase dois metros, fora gás lacrimogênio e outros tipos de armas mais perigosas. Ficamos perto do chefe. Um ajudante de or­dens chegou e lhe passou as condicionantes. O informou que seu filho estava dentre os que protestavam e promoviam o quebra-quebra. Indagou-lhe o que deviriam fazer.

Façam o que irão fazer com os demais
De forma dura, o chefe passou a ordem: – “É para fazer com ele o que vocês irão fazer com os demais. Ele não é diferente e nem me perguntou se assim deveria proceder”. A pancada­ria foi geral. O próprio filho levou poucas e não sei se boas. Acabou o protesto. Como que se justificando ele se virou para nós e disse o que havia dito aos seus comandados: – “Se ele ti­vesse me perguntado, eu iria dizer que não fizesse. Cada um é responsável pelos seus atos”. Sabemos que a sua esposa não concordou com sua atitude, mas para ele a lei é para todos. Depois continuamos o jantar. Ele era especialista em vinho alemão e nos deu a orientação para sempre que tomarmos a bebida de uva branca atentarmos para o fato de que escolha­mos de uma área vinícola só. A do Reno é de uma cor e a do Nekar Saar Rhur é de outra. Se misturarmos podemos tomar um porre. O pH interfere na mistura, afirmou. Por ele nunca tivemos ressaca.

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