Fake news nos ônibus
Em tempos não distantes, ainda sem internet e redes sociais, os políticos se utilizavam de alguns tipos de ações para macular a honra alheia e ganhar o “ibope” nas campanhas eleitorais. Contratavam artistas que se passavam por mulheres simples do povão. Elas entravam em grande número nos ônibus urbanos, algumas ficavam no fundo do coletivo e outras na frente, perto do motorista. A da frente chamava uma do fundão e dizia: “Olha, dona Maria, a senhora viu o seu candidato Fulano de Tal. Foi pego com um homem na cama da mulher. Estão providenciando o divórcio.”
Confirmado
A outra, de longe, aumentando o tom de voz para que todos a ouvissem, replicava: “Ouvi sim, dona Sônia. Ela o arrepiou de paulada. O pessoal estava comentando na roda de samba.” Em outra oportunidade inventavam um filho para o candidato mais certinho, religioso, para “quebrar a aura de santidade”. Desta forma, começavam a arrebentar com a reputação dos adversários.
Fake news nos bairros
Depois que começava o horário eleitoral em rádio e televisão, o candidato que nunca havia passado pelos bairros, se estivesse no fundão da cidade e não conseguisse ver a ponta dos edifícios altos do Centro, ficavam presos no local. Por isso contratavam artistas. Elas se vestiam com as roupas simples do povão e apareciam na tela amassando o pão ou lavando a roupa no tanque, e discutiam sobre os candidatos como se fossem comadres.
Boca a boca
Chegavam ao bairro e diziam: “A senhora viu, dona Duvirges, o candidato Beltrano passou por aqui ontem. Disse para mim que está fazendo um plano de governo para asfaltar nossa rua e trazer benefícios para o bairro”. A outra colocava pontos e mais pontos de exclamação: ”Que beleza, Ambrozina!”. O ausente se tornava presente e ganhava pontos.