Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Uma das histórias do Doutor Barbanti
Um delegado Regional houve em nossa cidade que tinha solu­ção para quase todos os problemas da área policial. Segundo ele, seus problemas naquela época em tempos de antanho eram de “unha encravada a caspa no cabelo”, isto é, um leque de questões que aparecia na delegacia. Era o afamado e res­peitado Dr. Bolivar Barbanti, que possuía uma equipe aguerri­da para acompanhá-lo em todas as missões por mais difíceis e distantes que elas fossem.

Galo da madrugada – coisa do outro mundo
Na região rural, que era imensa, começaram a aparecer con­tos de assombração em que no alto de qualquer morro das fazendas crescia no vendaval da madrugada um lençol bran­co, esvoaçante, enquanto um galo com canto forte, deixava aos colonos residentes nas fazendas e sítios arrepiados. No dia seguinte a contabilidade constatava o furto de inúmeros sacos de café ou de outro tipo de plantação da área agrícola, sempre os mais caros. A gente mais simples cobrava da polí­cia uma ação para que se pudesse saber se era alma do outro mundo ou gente sem vergonha, cá da terra.

Caravana do fantasma
O Dr. Barbanti e seus colegas de trabalho, dentro do maior sigilo, rumaram para uma das fazendas, que era useiro e ve­zeiro vítima da ação dos bandidos. Ficaram de espreita, “na campana” durante alguns dias. O delegado de polícia deixou escapar para a região de que a fazenda estava repleta de café que era o produto mais caro e exportável da época. Todos fica­ram em silêncio perto do morro dos ventos em que o lençol da “fantasmada” poderia ser apresentado. Ficaram um dia, dois, três, e no quarto dia, na madrugada, eis que avolumou-se na montanha um enorme lençol branco com um galo embalsa­mado na ponta com o canto alto de um tomador de conta de galinheiro. E a ave cantava e o lençol, esticado em algo que o deixava muito alto, girava de um lado para o outro. Os ho­lofotes da polícia se acenderam e tudo ficou claro, inclusive a armação da quadrilha. Os bandidos colocavam um lençol comprido em um grande bambu, tendo em cima o galo embal­samado e enquanto um alto falante tonitruava o canto do galo, amedrontando a colônia. Eles levavam o café do depósito. Os policiais deram voz de prisão e todos foram colocados no alto do morro para que os homens simples da roça os vissem. O delegado não se contentou só com a apresentação, determi­nou que cada um dos “artistas larápios” cantasse como galo para alegria dos que tanto medo passaram. Ficaram roucos de tanto cantar. Nunca mais apareceram por aquelas bandas. Naqueles tempos os ladrões ficavam presos e o Dr. Barbanti cuidava de vigiá-lós.

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