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O MENDIGO MEDICO – A PROCURA DO MÉDICO DA RUA
Quando escrevemos esta coluna para o jornal Tribuna pensamos em contar a história de uma figura que era pública e bem quista pela população. Solidário, conhecedor da medicina e cujos parentes não se tem notícias. Depois de vários meses tivemos nesta última semana um telefonema de pessoa que dizia ser da família do ”Zé da Ilha”. Percorremos as ruas de Ribeirão Preto, principalmente nos locais onde os viciados se ajuntam e perguntamos por aquela figu­ra despida de orgulho de ter estudado até os últimos anos para se formar médico deixando a profissão por profunda decepção. Infeliz­mente, não o encontramos. Nem nos livros dos cemitérios tivemos êxito na sua localização. Mas continuaremos na busca. Repetimos a história (com H) deste homem que repartiu a comida da rua com co­legas de sofrimento e os auxiliou nas emergências e eventualidades. Enquanto isto repetimos o que publicamos e continuamos a pedir que se alguém souber de seu paradeiro, telefone para o jornal.

O MENDIGO MÉDICO
Um morador de rua perambulava por toda a cidade pedindo uma ‘bituca’ de cigarro aqui, um café ali e alguns trocados para a pinga de todo o dia. Não tinha vícios mais graves, além da cangibrina que ninguém se negava a lhe fornecer. Era um bom papo e não agredia e sabia a hora de se afastar das rodas de bares nos momentos em que o assunto esquentava. Era bem visto por todos, mas ninguém sabia de onde vinha e nem em que lugar dormia.

DIZ QUE ME DIZ
Alguns moradores dos Campos Elíseos, onde ”Zé da Ilha” freqüentava as igrejas aos domingos (ficando na porta, ao longe do padre) garan­tiam que ele era um estudante de medicina que chegou ao quinto ano, mas se desencantou com a profissão, ficando também ‘baleado’ por um amor não correspondido. Não endoidou, mas vez por outra ‘misturava estações’.

SALVOU UMA PESSOA
Certa feita, véspera do Dia de Finados, ele estava na Avenida da Sau­dade observando o movimento. Aquela via saía da Capitão Salomão e chegava ao Posto São João, final do bairro , cemitério, da Saudade. Para baixo da Santa Casa era rua Saldanha Marinho. Há avenida que levava ao campo santo eram duas pistas com canteiros no meio. Os idosos faziam a caminhada a pé, cumprindo promessas ou mesmo só para reverenciar os mortos. Um cidadão que andava com dificul­dades caiu ao solo, perto do Asilo Padre Euclides. Ao que tudo indi­cava era um ataque cardíaco. Nenhum médico nas proximidades. ”Zé da Ilha” assumiu sua condição de médico quase formado: afas­tou aos que se comprimiam ao derredor do desfalecido, arregaçou as mangas da camisa poída e colocou-se a fazer os procedimentos para respiração artificial. Mesmo com o hálito misturado pelo álcool das ‘branquinhas’ que ele tomava, conseguiu fazer a respiração boca a boca e salvou o idoso que se sentou em uma cadeira providen­ciada e depois pegou carona com um conhecido que o levou até a sua casa. O andarilho ”Zé da Ilha” que era motivo de amedrontar as crianças por parte dos pais (se você não comer, chamo o ”Zé da Ilha”! etc) passou a ser citado com respeito. Nunca ninguém provou se ele fez a faculdade de medicina ou não. Mas ele aplicou os conhecimen­tos da vida para salvar uma vida. Desapareceu das ruas dos Campos Elíseos como apareceu. Obrigado ”Zé da Ilha”.

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