Turismo da vacas
Em tempos não muito passados havia empréstimos em grande quantidade do Banco do Brasil para o setor agropecuário. Havia uma regra rígida para evitar golpes. O BB possuía fiscais gabaritados para exercer um controle rígido e acompanhar a aplicação do dinheiro público, cujo objetivo era impulsionar a agricultura e a pecuária. Em nossa região, havia dois grandes fazendeiros donos de bons rebanhos de gado, mas pequenos. Necessitando de mais empréstimos para suas atividades empresariais, ambos solicitaram ao banco um grande volume de numerário. Os fiscais anunciavam quando visitariam as fazendas, uma por vez, pois os relatórios eram imensos e o cuidado com as garantias também era vigiado.
Como fazer
Os dois fazendeiros combinaram de juntar os rebanhos. As vacas, bois e bezerros não tinham marcas a fogo da propriedade. Acertaram que iriam forjar uma marca para cada um e marcariam os dois gados com a mesma marca, feita com nankim. O gado de um passou para o lado da outra fazenda e foi marcado com a marca de tinta nankim como sendo daquela propriedade. No dia seguinte, os rebanhos foram tocados para a fazenda vizinha para que os fiscais constatassem o gado, mas com outra marca. Os funcionários anotavam, contavam e o volume de dinheiro pretendido era autorizado. E assim caminhavam os dois vizinhos, sempre combinando e com as marcas firmadas no nankim.
‘Chuveu e moiô’
Em determinada época chuvosa, o fiscal compareceu a uma das fazendas e os rebanhos estavam juntos, como “rezava” o figurino. O fiscal estava se preparando para sair quando caiu uma chuva forte e ele precisou ficar no estábulo. A água lavou a tinta preta e tudo escorreu pelas costas dos bois, vacas e crias. O funcionário chamou a polícia e prendeu os dois fazendeiros. Teve muito telefonema para Brasília, a políticos amigos para impedir a prisão em flagrante. Nunca mais deixaram de marcar a ferro em brasa seus animais. Cada um para si e Deus para todos, com o beneplacido dos políticos de Brasília. Terminaram com o turismo bovino.