Senhor dez por cento
Durante visita de militares a usinas de açúcar em Ribeirão Preto, chegou junto com as altas patentes o coronel Dickson Grael, que foi adido da Embaixada Brasileira na França e dirigiu o Rio Centro, onde estava sendo preparada uma bomba por militares quando de um show com comparecimento de milhares de pessoas. O caso ganhou repercussão nacional e o depoimento de Dickson Grael foi importante para o esclarecimento de assuntos que poucos queriam decifrar.
Entrevista contundente
O coronel, com voz pausada e refletida, contou sobre a corrupção na França, onde pessoas compravam equipamentos para as usinas de Tucuruí, Rosana e Água Vermelha. Afirmou que o embaixador da época era conhecido como “Senhor dez por cento”, quantia que solicitava dos fornecedores para cacifar campanhas e a corrupção no Brasil. Um banco ligado a uma grande autoridade francesa fazia a triangulação com os envolvidos, e até uma alta autoridade daquele país foi chamada para verificar a forma com que o banco procederia para justificar o valor a ser dado fora da contabilidade oficial.
Relatório Saraiva
Muito do que ele falou à reportagem estava no relatório de um militar de alta patente, responsável pela área na Embaixada. Ele tentou transferir o assunto para os canais competentes, mas, segundo Dickson Grael, ninguém teve “paciência” para ouvi-lo. O embaixador negou, mas não havia “lava-jato” para contraditá-lo. O referido Relatório Saraiva ficou “engavetado’ nos órgãos de informação e depois foi para o arquivo. Além de Tucuruí, havia ainda fatos a serem apurados das usinas de Rosana e Água Vermelha.