O primeiro transplante de rim com doador cadáver
Um médico urologista de Ribeirão Preto era aquele que cuidava dos pacientes com atenção e diagnosticava os seus assistidos com rapidez e eficiência. O profissional do interior, sem as barreiras que o separavam dos amigos e pacientes era simples, bonachão e sempre pronto para atender a imprensa e aos que necessitavam de seus préstimos. A par destas suas qualidades, pesquisava os casos de transplantes no mundo todo, os que foram sucesso e os que não tiveram resultados positivos. Conseguiu detectar que uma substância poderia ser importante na recepção dos órgãos transplantados. Na época o grande temor era a rejeição, que impedia que se salvasse os pacientes do procedimento cirúrgico. Certa feita o dr. Áureo procurado por nos deu o “furo”. O primeiro transplante com doador cadáver havia sido coroado de êxito em trabalho do dr. Ciconelli e equipe (ele sempre ressaltava a ajuda dos companheiros de trabalho). O mundo todo queria saber como ele havia conseguido driblar a rejeição. A Faculdade de Medicina recebeu inúmeras solicitações para que daqui se informasse o tipo de medicação até então não utilizada que fazia o transplante ser um sucesso. Ele não se negava a atender a todos e explicava toda sua técnica e componentes utilizados.
O primeiro transplante de coração do mundo
O médico sul-africano dr. Cristian Barnard, ao tomar conhecimento da técnica aplicada pelo dr. Áureo José Ciconelli, deslocou-se da África para Ribeirão Preto para fazer conferência com o nosso doutor do transplante inédito. Recebeu todas as informações e depois conseguiu aprimorar os seus trabalhos baseados na técnica de Ribeirão Preto. Na oportunidade concedeu entrevista esclarecedora, na medida do possível com o Inglês dos bancos escolares. Foi um sucesso. Com a medicina e com as moçoilas que se encantaram com a beleza do cirurgião. O Dr. Cristian Barnard foi o primeiro cirurgião a fazer transplante de coração no mundo, na Cidade do Cabo, África do Sul.
Fato novo
Um caso da região de São Carlos estava preocupando os profissionais da medicina. Um cidadão havia tido um “priapismo” e ficado com seu membro ereto sem que diminuísse o volume e caminhando para um problema sério e irreversível que poderia extirpar-se seu órgão masculino pela gangrena. Ele se negava a cortá-lo como indicavam os médicos e dizia “nasci com o membro masculino e morro com ele”. Trouxeram para o dr. Ciconelli e equipe. Procederam a limpeza dos coágulos sanguíneos nos “dutos cavernosos” e tudo caminhava bem quando ocorreu um acidente de uma terminação nervosa ser abalada e embora o paciente ficasse com o seu órgão genital não poderia ter relações sexuais por referido motivo. O grande médico providenciou um tipo de implante de borracha siliconizada que deixaria o membro pronto para ação. Foi o primeiro caso no Brasil e chamou a atenção da imprensa do mundo todo cujos repórteres vieram para nossa cidade para que fosse feita a cobertura do fato inédito.
O paciente
O paciente que teve a sua vontade respeitada e que voltou a sentir os efeitos positivos da cirurgia teve alta. Dizem que ele foi detido alguns dias após ao procedimento médico, rondando um convento de freiras em cidade da região. “A polícia disse à época que estava precisado”. Nada mais foi dito e nem lhe foi perguntado.