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Os tomates
Certa feita um engenheiro agrônomo de Instituto Agrícola co­locou na prática a teoria da escola que havia frequentado e estudado, a respeito dos inseticidas que poderiam afetar as populações que consumiam frutas e legumes. Em determi­nada região da cidade, em que os agricultores cultivavam os tomates com um tipo de “mercurial” que entrava na circulação da planta e evitava a ação das pragas da lavoura, ele realizou experiências e constatou que aquele inseticida era prejudicial para os humanos, pois o que era consumido e o que se en­contrava na seiva da planta se acumulava no fígado humano e provocava doenças sérias. Ele primeiramente alertou ao labo­ratório que fabricava ou misturava os ingredientes do produto vendido a peso de ouro aos agricultores, que eram leigos em tais efeitos adversos. Ele, depois, alertou as autoridades de defesa da saúde da população, passando por cima de seus superiores que fingiam não ouvir aos seus brados de alerta.

Pregando no deserto
Como ele se sentiu “pregando no deserto”, resolveu dar uma chacoalhada em todos os que não o ouviram e alertar a po­pulação sobre os problemas que iriam enfrentar se continu­assem a comprar o tomate e outras frutas tratados pelo vilão dos inseticidas. Chamou um repórter de sua confiança e deu uma entrevista que eclodiu como uma bomba na cidade. Os que consumiam muito tomate, principalmente, foram aos mé­dicos para uma análise do fígado e órgãos afins. Nas feiras e mercados ninguém comprava tomate e a produção se amon­toava nos campos. Um laboratório que realizou a análise dos tomateiros realmente constatou que na seiva, na circulação das plantas, havia uma concentração do veneno e que, mesmo passado os quinze dias em que se garantia que o produto teria mais eficácia, ele estava ali para produzir efeitos negativos na saúde do povo. Procedimentos jurídicos foram abertos pelos setores competentes. O engenheiro agrônomo sofreu represá­lias por parte daqueles que não queriam que as famílias sou­bessem dos problemas etc.

A coisa andou
O laboratório era multinacional e segurou enquanto conseguiu as punições que um dia chegaram. A causa foi perdida pelo laboratório e havia que se encontrar um culpado. Pegaram o funcionário simples que recebia as cargas dos caminhões cre­ditando a ele a falha que motivou todo o problema. Só faltou pegarem a mulher do cafezinho para culparem-na dos efeitos do mercurial.

Efeitos na economia e na saúde
Por muito tempo a população sentiu os efeitos danosos do veneno (pelo menos muitos pensaram que seus males eram decorrentes do tomate). Na economia, uma grande região de terra roxa ficou com recursos escassos. Ninguém comeu to­mate por muito tempo. O engenheiro agrônomo não mais con­cedeu entrevistas, mas cumpriu com sua missão.

Orientação
Na época ele orientava as pessoas para comprarem tomates verdes para que completassem o ciclo do veneno com mais de quinze dias. Ao invés de os compradores refugarem os toma­tes com “furinhos”, que anunciavam “bichinhos”, era para que comprassem, pois, se o bichinho estava ali, não havia veneno. Muitos continuam até hoje a assim agir e não se arrependem. O doutor que beneficiou a população foi levado a uma posição inferior na sua escala funcional e nunca mais subiu na carrei­ra. Deve ter subido no conceito interior e dos amigos.

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