Esqueceram de mim
Os trabalhadores que recebem um salário mínimo (R$ 1.045) por mês não têm sido atendidos pelos empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. Até há alguns anos havia a Cecap, que construía conjuntos habitacionais para famílias da chamada baixa renda, com ganhos de até um salário com possibilidade de pagar até 30% da renda familiar. Tais empreendimentos ofereciam alguns outros incentivos para que o trabalhador não fosse despejado se deixasse de pagar algumas prestações, como por doença ou por desemprego. Também o saldo devedor era coberto por um sistema tipo consórcio em que todos participavam para garantir a cobertura da inadimplência.
Mudança de sistemas
Depois que acabaram com o Banco Nacional da Habitação (BNH), sem nunca explicar as razões, transferiu-se para a Caixa Econômica Federal este referido empreendimento imobiliário. Mudaram todos os critérios e principalmente a cobertura social para as famílias de baixa renda. Atualmente, o sistema é draconiano e depois de algumas prestações não pagas o setor jurídico do banco (e não agente social) ajuíza uma ação e, sem consultar o inadimplente, determina que ele deixe o imóvel e coloque seus móveis em depósito judicial. Mata-se o sonho da casa própria. A Cohab local de há muito tempo não oferece referidos empreendimentos para seus inscritos. As inscrições servem tão somente para municiar a Caixa de pretendentes às outras faixas salariais sem que a companhia local tenha qualquer interferência na indicação social de suas assistentes para o banco financiador.
Mutretas
Algumas pessoas sérias ligadas ao setor garantem que por parte de alguns empreendedores há algumas “mutretas”, como aumentar a renda da família com artifícios contábeis que nunca são reais. Quando as prestações começam a ser pagas, e os gastos pesam na renda da família, a verdade aparece: muitas não conseguem quitar suas prestações e entram no cadastro de devedores dos bancos, com ações na Justiça e perda do bem. Não há cobertura por algum sistema como o antigo FIEL do BNH, uma cobertura que defendia as famílias com dificuldades, sempre com o aval do setor social. No final das prestações combinadas e pagas o mutuário ficava com sua casa, independentemente de estar com resíduos ou não. Era mutuário. Hoje é difícil terminar de quitar todas as prestações pelos acréscimos de tantas taxas, juros, etc. Os atuais moradores são considerados “mortuários”, pois somente depois de mortos, com a cobertura do seguro habitacional, é que serão donos de suas habitações.