Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

O marginal tinha costas quentes
Havia um cidadão useiro e vezeiro em aplicar os golpes do tipo “171”, estelionato, que a época era crime. Daqui por diante pode­rá deixar de ser por conta de mudanças de entendimento nos Tri­bunais Superiores. Mas, ele aplicava em todos e principalmente todas. Com uma lábia irretocável ele envolvia a mulher e retirava tudo das de meia idade, principalmente. Levava para dançar. E era bom dançarino e a freguesa “dançava”. A polícia havia rece­bido um calhamaço de mandados de prisão para o mancebo. Ele continuava a fazer das suas. No entanto, quando viu que o seu problema era sério e ele iria para o xilindró, fugiu para os sertões de Goiás ainda não desbravados e sob o mando de coronéis da lavoura.

A polícia era cobrada a agir
Os superiores da Polícia Civil eram cobrados pelos seus superiores para que o buscassem. Eram muitas as prejudicadas e esperançosas de casamentos desfeitos que exigiam a ação da Secretaria da Segu­rança Pública. O delegado chefe da região de Ribeirão Preto escolheu três dos seus melhores investigadores para irem até a região de difícil acesso em Goiás. Muniram-se de armas pesadas, arrumaram com­bustível com os beneméritos da polícia que sempre financiavam tais ações emergenciais e dinheiro das diárias e para alguns gastos. A pequena cidade era conhecida e tinha dono. Chegaram pela madru­gada e já na manhã seguinte sabiam da estada dos investigadores naquelas plagas. Quando eles esticavam o esqueleto, da mal dormi­da noite, veio um lugar tenente do manda chuva da região. O recado era curto e grosso: “Se vocês vieram buscar o empregado do coronel de Ribeirão Preto, podem voltar. Temos muitos homens para impedir a ação de vocês. E se preparem”.

Fez a cabeça
Bom de lábia o fugitivo havia feito a cabeça de seu patrão dizendo que eram intrigas da oposição e eram maridos traídos que esta­vam procurando por ele. O coronel entrou na dele. E deu ordens para seus asseclas para rechaçar a tentativa de prisão do seu ho­mem de confiança para se armarem.

“Campana”
Os investigadores olhavam para o mandado de prisão e não sa­biam o que fazer naquela situação. Tentaram entrar em contato com a Delegacia de Policia, com a Justiça do Estado e nada con­seguiram. Ninguém queria enfrentar o poderoso chefão. Haviam ficado observando o local em que o procurado se encontrava e na campana verificaram como ele era reverenciado.

Mudança de tática
Os inteligentes policiais resolveram mudar de tática. Pediram uma audiência do coronel e foram até sua casa na fazenda que era “guardada” pelos seus capangas. O coronel aceitou recebê­-los. Eles foram até ao chefe e disseram que estavam ali preocu­pados com a situação do seu serviçal, pois os maridos traídos de Ribeirão Preto haviam se reunido e contratado pistoleiros para vi­rem a procura do “171”. O velho poderoso coçou a barba. Pensou nas consequências para sua família e para os seus capangas e perguntou. “Então ele não vai ficar preso. Vocês vieram busca-lo para protegê-lo”. As respostas foram positivas e depois de coçar o cavanhaque ele chamou o bandido e explicou a situação. O pró­prio cidadão ficou temeroso de ser pego pelos maridos que ele havia rapinado e traído. Foi no carro descaracterizado da Polícia para a cidade e depois de tomar um banho e colocar a fatiota foi para a Delegacia de Ribeirão Preto.

Fake
Os investigadores haviam passado um fake news que não existia naquela época. Pelo menos com este nome. Ele foi preso e só aí descobriu que não havia reunião de “cornos” (como ele os cha­mava) e nem de pistoleiros. Foi para a cadeia da Duque de Caxias onde ficou por alguns anos. Sempre tentando passar a lábia nos delegados e funcionários . O nome… me esqueci…

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