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Larga Brasa

Eu sou god
Ribeirão Preto sempre foi uma cidade que acolheu bem a todos para aqui acorreram desde os tempos de sua fundação, ainda quando conhecida como Vila de São Sebastião, em terras doadas por José Matheus dos Reis. De todas as partes do Brasil vieram moradores de outros estados em busca de trabalho nos áureos tempos do café, e depois quando passamos para a fase da Edu­cação, da Cultura e até como Capital Nacional da Cerveja. Hoje a Saúde e a Educação são suportes de nossa economia e atraem para nossa urbe muitas pessoas. Muitos aventureiros chegaram nos tempos do Cassino Antarctica, quando Cassoulet contrata­va as “Polacas” e as “Francesas”, fazendo desfiles em charretes pomposas abertas com as mulheres que eram consideradas as mais lindas da Europa. Naquela época também tivemos alguns que se aproveitavam da receptividade do povo de Ribeirão Preto para tentar ficar rico. A grande maioria não “emplacou”, alguns deles foram presos e outros sumiram igual a “chapéu velho na poeira da estrada” como dizia o caboclo dos cafezais.

Grande 171
Em época mais atual surgiu um cidadão bem apessoado sempre de terno e gravata, mesmo no mais inclemente calor, e se destacava pela sua altura e pelo seu linguajar. Dizia-se jornalista e prontamente lhe arrumaram uma coluna para espargir cultura a nós da plebe igna­ra. Estava em todas as reuniões e oferecia opiniões que dizia gabari­tadas sem mesmo que fossem solicitadas. Era pródigo em distribuir gorjetas e ficava em hotel diferenciado. Os empregados gostavam de atendê-lo no aguardo das gorjetas que sempre chegavam. Ele não pensava que era God, Deus, ele parecia que tinha certeza de coman­dar o Universo de todos os céus.

Lance em leilão desmascarou
Certa feita um haras famoso promovendo um leilão de seus cavalos árabes de linhagem cara, onde somente os da alta so­ciedade e bem aquinhoados de fundos bancários participavam. Em dado momento, ele que estava esquecido, resolveu aparecer. Levantou-se de sua mesa e soltou um lance acima de qualquer perspectiva acima dos oferecidos pelos realmente ricos. Todos se perguntaram quem era o mancebo e alguns retransmitiram o que ele falava: “Era filho de uma alta autoridade da República que tinha poderes para mandar prender e mandar soltar”. Os detetives de plantão começaram a bisbilhotar a sua vida e descobriram: efetivamente era filho da referida autoridade, mas seu pai que não era God e estava cansado de cobrir as idiossincrasias de seu filho. E caras. Desta vez o “papai” não cobriu o lance da noite no melhor cavalo árabe. Ele não havia como pagar o leiloeiro e nem quitar o debito da afoiteza do jovem estouvado. Tiveram que fazer um acordo com o leiloeiro com uma “vaquinha” para pagar a taxa do lance e ele cumpriu a promessa de sumir da cidade. Sua coluna no jornal nunca mais saiu e ele nunca mais apareceu. Como dizia o caboclo, sumiu como “chapéu velho na poeira da estrada”.

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