O médico e o jornalista
Um médico muito conhecido na cidade tinha um cuidado especial com seus amigos e pacientes. Vigiava tudo que faziam para que não agravassem os males que o doutor tentava curar. O médico mantinha os mais perfeitos hábitos. Não fumava, não bebia e fazia exercícios regularmente. Viajava com amigos para distantes capitais, sempre de bicicleta. Era um exemplo na escolha dos alimentos. Não comia carne gordurosa, escolhia peixe ao invés de carne bovina e era muito ligado às folhas de verduras e legumes.
Amigo e fumante
Dentre seus clientes havia um especial que era muito seu amigo. Com mais de 90 anos, mantinha hábitos bem definidos que a profissão de jornalista permitia. Não deixava de “tirar um cochilo” depois do almoço e conversava com conhecidos, entrevistados e amigos o dia inteiro, até o começo da noite, quando tinha horário para se recolher aos aposentos. Era uma pessoa que ajudava a administrar a cidade com seus conhecimentos e sabedoria. Era fumante, quase inveterado.
Conselhos do médico e amigo
O médico de hábitos mais corretos sempre chegava à redação onde o velho jornalista trabalhava e dizia: “Amigo, pare de fumar. A qualquer hora você pode ter um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral…”. O velho sempre respondia: “O senhor é médico, então me diga: se eu parar de fumar hoje, o que faço durante quase todos os meus 90 anos, qual a expectativa de vida que o amigo me ofereceria?” O profissional da medicina respondia: “É imponderável…” . O sábio idoso então lhe dizia: “Vou continuar a fumar até morrer.”
O esportista e o médico
O médico que também era esportista. Um mês depois desta conversa, descobriu um câncer no fígado e morreu. O jornalista viveu ainda mais um tempo. No entanto, quem já teve infarto por conta do cigarro afirma que os chamados “ateromas calcificados” que entopem as artérias não perdoam. Apenas alguns como o velho jornalista sobrevivem. E como foi bom conviver com ele durante tanto tempo. Hoje é esquecido, mas marcou época na vida política da cidade. “Adeus”, “seo” Orestes Lopes de Camargo. Inesquecível.