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Puxa-saco se salvou de ponta pé nos fundilhos
Certa feita um vice-prefeito assumiu a Prefeitura depois do pe­dido de licença do prefeito. No primeiro dia o “cordão dos puxa sacos” ficou em fila para os cumprimentos ao novo chefe. Mui­tos queriam saber como era o novo ocupante do Palácio Rio Branco, outros queriam marcar presença para dizer “eu estou aqui”, poucos eram por amizade e queriam desejar bom governo e colocar-se à disposição do prefeito para o que necessitasse. Um cidadão gabaritado, no entanto, foi ao cúmulo do servilis­mo e tentou limpar algumas “caspas” virtuais que estariam no paletó do político. O novo prefeito, embora em idade era jovem, na experiência era bastante escolado, principalmente pela sua profissão. Olhou o servidor de cima em baixo e confabulou con­sigo mesmo: “Este está querendo alguma coisa”.

O pedido do puxa-saco
Quando o pessoal deixou o Gabinete, o baixinho se aproximou como não querendo nada e puxou conversa. “Doutor, senhor Prefeito, ilustre ocupante do Palácio Rio Branco, o Chefe do Executivo que saiu iria voltar a conceder gratificação aos fun­cionários, iniciando com os diretores e chefias “O vice chamou o diretor da Administração e perguntou se o fato era verdadei­ro para que sua atitude não viesse a destoar da administração do titular. O responsável pelo setor burocrático e legal afirmou que sim, era este o desejo do que havia sido eleito para o car­go. O vice pediu para elaborar o decreto para dar a gratificação para a diretora que o “tira caspa” havia pedido, pois era uma funcionária qualificada.

Final de expediente e análise do dia
No final da tarde o prefeito em exercício se reuniu com o depu­tado federal do esquema do prefeito, com os assessores mais próximos para uma avaliação do primeiro dia administrativo. A avaliação foi positiva, etc. Toca o telefone direto do novo ocupante do cargo e ele atende. A funcionária do setor de recursos humanos, tentando parecer íntima dizia que aquele decreto era o primeiro e que o baixinho havia prometido de­pois de um barzinho noturno que ela e uma amiga seriam as próximas. O prefeito ficou muito bravo, passou uma descom­postura na pessoa que o havia telefonado e disse que antes de ela se reportar a ele deveria falar com sua chefia. Bateu o telefone. Imediatamente mandou que o motorista da prefeitu­ra fosse a Coderp e trouxesse o decreto para o Gabinete. Se ti­vesse publicado que trouxesse toda a edição do Diário Oficial.

Prefeitura toda na expectativa
Assim que a “radio peão” lançou a notícia pelos corredores do Paço, os funcionários ficaram na expectativa para saber o que poderia acontecer. O “puxa saco” foi chamado como se fosse participar de uma solenidade. Cheirando a perfume e com o cabelo engomado com Glostora (o fixador da época) ele adentrou a sala do prefeito e todo sorridente perguntou se iria participar do ato solene da assinatura do decreto. O ocupante do cargo pegou o decreto que havia assinado e o rasgou, par­tindo para cima do pilantra para lhe dar um pontapé nos fundi­lhos. Ele foi rápido e se escafedeu, passando por um pequeno vão da porta entreaberta. A partir daquele dia ninguém tentou enganar o novo prefeito e o caso foi comentado em prosa e verso por todos quantos souberam da atitude daquele que foi político naquela época. Durante todo o tempo em que o efeti­vo prefeito ficou afastado ele não compareceu ao Palácio Rio Branco. Assinava seu ponto na diretoria que foi designado e não “piava” em qualquer assunto

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