Tribuna Ribeirão
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Larga Brasa

SALVO PELO GONGO
Havia em nossa cidade um rapaz muito popular. Trabalhador, honesto e sempre risonho estava de bem com a vida. Sempre estava pronto a au­xiliar o próximo, principalmente os moradores de bairros mais distan­tes onde ele dizia “ onde o vento encosta o cisco”. Vivia de fazer bicos. Auxiliava um pedreiro em um dia, em outro carpia calçadas e quando tinha oportunidade fazia jardins . Trocava por um prato de comida e alguns trocados. A comida era importante, os trocados eram bem vin­dos, mas não necessários. Jogava bola com a meninada, fazia pipas e brincava de “ esconde-esconde” a tardezinha . Cada dia estava em um bairro e todos o conheciam.

ACUSAÇÃO GRAVE
Certa feita, ao anoitecer, quando acabava de limpar um terreno baldio ele foi cercado por um grupo de homens que o acusavam de ter vio­lentado um menino. O menino, mesmo estando no escuro, confirmou a acusação. Ele foi agredido , jogado em uma viatura e mal tratado a não mais poder.

NA DELEGACIA
Na Delegacia de Polícia , quando estavam para fazer o flagrante hou­ve uma dúvida quanto a identidade do tarado, pois o garoto ficou na duvida. Mesmo assim a Polícia o encaminhou para a cadeia. Todos sa­bem que a regra da prisão é muito dura para quem é estuprador ou violentador. Como era madrugada, os presos o deixaram em um canto, também por estar bastante ferido. Iriam na manhã seguinte prepara­-lo para a cerimônia da recepção. O lema era “ quem com o ferro fere, com o ferro será ferido.

INVESTIGAÇÕES NA MADRUGADA
Os investigadores com o próprio pai da vitima saíram para uma in­vestigação mais apurada. Rodaram o bairro em que o fato aconteceu em todas as ruas e vielas. Terrenos baldios e quintais. Encontraram um elemento que estava escondido em meio a uma touceira de mato, dentro de uma lagoa, respirando por um canudinho . Com potentes lanternas conseguiram localiza-lo.

CONFESSOU O CRIME
O bandido confessou o crime aos policiais e como era moreno tal qual o preso foi confundido. Os familiares do garoto e a própria Policia ti­nham conhecimento que iria acontecer com o acusado injustamente que estava na cadeia. Não tinham como avisar aos presidiários que ha­via um engano . Resolveram então apelar para as rádios pedindo aos jornalistas que informasse aos que estavam na famosa cela 10 que o real tarado havia sido preso. Todos falaram e alertaram de que iriam cometer um engano, terrível engano.

NA CELA A PREPARAÇÃO
Dentro da cadeia, da temida cela 10 , onde ficavam os tarados, os presos já haviam depilado com gilete a metade do corpo do rapaz , quando ouviram os apelos pelo radio. Imediatamente paralisaram o ritual e em seguida a administração foi acionada por advogado que conseguiu libera-lo. Foi salvo pelo gongo. Estava com a metade do corpo depilada e outra não. Ele saiu daquele local e foi para a Apare­cida do Norte pagar uma promessa.

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