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Roupas dos defuntos
Em tempos idos, quando não existiam as roupas prêt­-a-porter (traduzindo: prontas para vestir) nas lojas de departamentos, os ternos eram feitos por alfaiates (pa­letós) e as calças, com as chamadas calceiras. Era um vestuário caro e que os da classe de baixas posses não tinham acesso. O costume de se passar as roupas usa­das pelos pais para os filhos e em seguida para irmãos e depois para doações era o que salvava aqueles que pre­cisavam se manter na “estica”, como se dizia.

Comércio paralelo
Havia um comércio paralelo de roupas usadas, muitas delas vinham de doações do exterior com tamanhos díspares e cores totalmente diversas das utilizadas pelo nosso Brasil. Mas era o que se tinha. Os cortes de teci­dos, geralmente vindos do exterior eram dispendiosos. Tropical inglês, linho e outros tipos existentes. Não se tinha quase para comprar a não ser nos alfaiates de alto estilo e preço.

Saída no jeitinho brasileiro
O brasileiro sempre encontra um jeito para driblar as adversidades. Os funcionários dos cemitérios de muitas cidades do país foram autorizados a retirar dos defuntos os paletós e mesmo as calças. Cada dia era um funcio­nário que tinha o direito a pegar sua roupa do falecido, fosse o número que fosse. No dia seguinte ou quando houvesse enterro, outro funcionário da fila recebia o seu, depois das pompas fúnebres, é claro, e na surdina.

O defunto era maior ou menor
Os que tinham acesso às roupas as vestiam em festas, missas, etc. Muitos eram pequenos e as roupas grandes e outros enormes com roupas pequenas. Era costume dizer, e até hoje assim se observa hilariamente, quando alguém está com roupa sobrando ou faltando que “o defunto era menor ou o defunto era maior”. Atualmente não se proce­de desta forma nos locais onde a retirada das roupas era autorizada. Só sobrou a gozação.

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