Senhoras do bem e os bandidos do mal
Há muitos anos, proximidades do Natal, várias senhoras pertencentes a um clube de serviço resolveram inovar. Ao invés de enviarem às instituições de caridade seus presentes, queriam verificar in loco a situação das antigas favelas, desprezando os conselhos de policiais amigos e de pessoas mais idosas para que não o fizessem. Seria muito perigoso em tais locais, por conta da bandidagem que envolvia o entorno deles. Elas “bateram o pé” e seguiram avante. Alugaram uma van e tendo uma delas se vestido de “Mamãe Noel” partiram para um local denominado conjunto do Dito Cabrito. Estava tudo correndo bem. Elas estavam satisfeitas por terem conseguido enfrentar as adversidades e de estarem em habitações das mais paupérrimas da cidade. Estavam juntando os presentes, com a criançada ao derredor chorando de emoção em ver tanta coisa sonhada e nunca conseguida. Em dado momento, eis que chegaram alguns rapazes mal-encarados, portando revólveres e deram a famosa “voz de assalto”.
Estáticas e crianças chorando
As senhoras bondosas ficaram estáticas, nunca esperavam por tal ação como receptividade. Algumas choravam e não havia celular à época para chamar os maridos e amigos para salvá-las. Os bandidos eram maus e davam ordens diretas apontando armas para as pessoas acostumadas com fino trato. Afastaram as crianças e mães da comunidade e levaram todos os presentes que estavam na van.
Saíram murchinhas
Todas saíram “murchinhas”, tristes por não poderem atender às pobres e infelizes crianças. Elas não sabiam, mas alguém assistiu a tudo e passou o problema para um tal “disciplina”, que ninguém sabia se era da polícia ou de alguma outra organização. Ato contínuo, os tais bandidos do mal, com “o rabo no meio das pernas”, voltaram para a comunidade e devolveram os presentes para as crianças, casa por casa. Ainda foi determinado que eles fossem até às senhoras que estavam se refazendo do susto na avenida Brasil e pedissem desculpas pelo “mal-entendido”. Ninguém soube quem era o justiceiro (disciplina), quem mandou ele assim proceder e nem entenderam os mecanismos de tais comunidades. Foram embora alegres, mas com um ponto de interrogação indisfarçável: “Quem mandou o cidadão assim proceder. Por quais razões?” Acredito que até hoje elas estão se perguntando das razões do que aconteceu.