Carne de primeira e a de pescoço
Nos distantes tempos do Rádio como comunicação de massa de maior amplitude, havia um comunicador de primeira grandeza que fazia as moças casadoiras fazerem promessas para Santo Antônio e para o que mais houvesse que facilitasse matrimônios. O invejado profissional de auditório fazia e acontecia prometendo noivados e casamentos às centenas. Sempre se esquivava na hora de ir para o altar. Houve época que para não ser preso pelas leis de outrora que eram draconianas para quem se aproveitasse de donzela moça, obrigando o corruptor da alva juventude à cadeia se não consentisse em casar. Era o chamado casamento “com honras militares” em que o Juiz de Paz perguntava se era de livre e espontânea vontade que o noivo estava se casando. Ele olhava para os familiares da noiva com “trezoitão” na cintura e dizia sim. Para escapar de uma destas o famoso concordou com seu conhecido advogado que apresentaria a tese de ele ser homossexual, não podendo concretizar o ato. E assim se salvou.
Até que enfim…
Depois de muitos conturbados namoros e “acertos” com futuras pretendentes ludibriadas ele se casou. E até ia bem com a esposa e com dois filhos. Trabalhava em emissora onde ganhava muito bem e deu até para patrocinar uma casa “caixa 2” com amigada bonita. Todo dia ele enviava carne para sua família verdadeira e para a outra em casa diferente. Um cidadão fronteiriço era quem transportava a carne. Ele comprava a carne de primeira para a amigada e a de segunda dura, empedernida, para a família. A esposa verdadeira sempre reclamava com o serviçal que também era judiado pelo famoso radialista.
Contou a verdade
Certo dia, depois de brigar com seu patrão na rádio, o rapaz com dificuldades foi levar a carne para uma e para a outra. No caminho, as suas parcas caraminholas começaram a se conversar, Tico com Teco etc. e ele foi avante na sua vingança maligna. Chegou para a esposa, depois de deixar a carne de primeira para a amante e entregou a carne horrível. A mulher perguntou, fulano, você não tinha carne melhor para me trazer. Ele respondeu: – “Ter tinha, mas ele mandou a de primeira para a amante na rua tal, número tal”. Barraco erguido. Deu o que falar na rádio peão. Ele precisou largar o seu famoso programa de auditório e foi correndo para colocar pano quente no quiproquó. Nunca mais ele pediu ao rapaz que entregasse a carne para uma e nem para outra. Aliás nem se sabe se ele manteve a “outra”.