Por Adriana Del Ré
Era só para ser uma live dedicada ao Dia dos Namorados. No dia 12 de junho, a atriz Nanda Costa e sua mulher, a percussionista Lan Lanh, decidiram entrar ao vivo, de surpresa, no Instagram. O casal abriu espaço para correio elegante, para quem quisesse entrar e mandar recado para o crush. Duas garotas, cantoras e compositoras que namoram há 8 anos, cantaram uma música delas como declaração de amor.
Emocionadas, Nanda e Lan Lanh incentivaram outras pessoas a fazer o mesmo. Outros artistas entraram e se apresentaram. A live acabou despertando nas duas a vontade de amplificar aquela ação, de divulgar o trabalho de músicos, cantores, compositores, dançarinos espalhados pelo Brasil. No dia 21 de junho, estreava a Live do Chapéu, no Instagram da atriz, que tem 2,7 milhões de seguidores.
“A gente passou a semana pensando nisso: como tem gente muito talentosa pelo País, e que nós não conhecemos. E que talvez, se não fosse a pandemia, a gente não ia alcançar essa arte. A gente também estava observando esse movimento de os artistas passando chapéu virtual. O chapéu sempre foi a forma mais democrática e generosa de podermos colaborar com o trabalho do artista independente, porque quanto mais independente é o artista, mais ele depende do público para essa troca”, diz Nanda. “A gente quis fazer esse movimento para a arte independente chegar até as pessoas. Não é um projeto solidário: é um movimento em prol dos artistas que, neste momento, estão sofrendo com tudo isso.”
Com a pandemia, os músicos, sobretudo os independentes, perderam seus espaços de apresentação, no palco, nos bares ou nas ruas. Foi pensando nesse segmento que Nanda e Lan Lanh criaram esse espaço virtual, no qual os artistas possam mostrar seu trabalho e, ao mesmo tempo, “passar o chapéu”.
Isso porque as apresentações ao vivo ficam depois disponíveis no Instagram do projeto, @livedochapeu, juntamente com os dados bancários de cada um deles. Assim, quem gostou do trabalho de algum artista pode ajudá-lo diretamente. “Quem não pode contribuir com o dinheiro pode contribuir seguindo, compartilhando”, ressalta Nanda. “E é uma forma também de divulgar o trabalho. Todos os que entraram na live ficaram super agradecidos, pelo fato de estarem participando de uma apresentação com bastante ouvintes. A gente escolheu fazer no perfil da Nanda, com milhões de seguidores, justamente para dar mais visibilidade”, completa Lan Lanh.
A 1.ª temporada da Live do Chapéu chegou ao fim contabilizando cinco lives, realizadas aos domingos, e 45 apresentações, de artistas de vários Estados e diferentes estilos musicais. A primeira live teve 15 participantes; as três lives seguintes contaram com 10 apresentações em cada uma delas; e a última reuniu os quatro artistas mais curtidos das lives anteriores.
Nanda e Lan Lanh explicam que a escolha de quem participa da Live do Chapéu é feita de forma orgânica, espontânea. Os artistas mandam solicitação para entrar ao vivo e elas vão selecionando aleatoriamente. “A gente pedia também para que as pessoas que quisessem participar fizessem um vídeo de poucos segundos e marcassem a Live do Chapéu. Então, foi bom também, porque ali já dava para conhecer um pouco”, comenta a percussionista, que pensa em fazer playlist de músicas dos participantes.
As lives receberam ainda convidados especiais, como Paula Lima, Emanuelle Araújo, Letícia Spiller e o namorado, o músico uruguaio Pablo Vares, entre outros.
Com a entrada de um parceiro nessa primeira fase, o Social Bank, Nanda e Lan Lanh puderam premiar os quatro artistas mais curtidos – no caso, quatro mulheres – com cartões de crédito no valor de R$ 500. “Encerramos nossa 1ª temporada para dar um gás. Estamos procurando novos parceiros para abrir essa oportunidade de dar uma gratificação, porque são pessoas que tocam na noite e, neste momento, estão sem as ruas e sem os bares para se apresentar.”
Ainda sem data para ter início, a 2ª temporada da Live do Chapéu vai continuar sendo realizada aos domingos, para que Nanda e Lan Lanh passam manter a iniciativa quando a atriz voltar aos sets e a percussionista, à estrada. Isoladas em sua casa no Rio, as duas continuam dedicadas a seus trabalhos no confinamento: além da Live do Chapéu, Lan Lanh está envolvida em projetos como produtora musical em seu estúdio – ela produziu o primeiro disco da cantora e compositora Numa Ciro, que deve ser lançado em agosto nas plataformas digitais – e Nanda se prepara para retornar às gravações da novela Amor de Mãe (leia mais ao lado). Passando mais tempo juntas por causa da quarentena, elas contam que a relação se fortaleceu. “Tive a certeza que escolhi a pessoa certa para passar a vida, porque até na pandemia a gente se ajuda”, diz Nanda. “A gente fortalece os laços a cada dia”, emenda Lan Lanh.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.