A Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, área de recarga do Aquífero Guarani, está praticamente seca com a onda de calor que atinge todo o interior paulista. Nesta sexta-feira, 13 de setembro, os termômetros marcaram 36 graus centígrados entre 14 e 16 horas e a umidade relativa do ar bateu em 13% às seis da tarde, deixando a cidade em estado de alerta.
A lagoa é área de recarga do Aquífero Guarani, reservatório subterrâneo de água com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e que se estende por sete estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e serve de “termômetro” para avaliar a seca que assola a cidade. Nesta sexta-feira, o fotógrafo Alfredo Risk esteve no local e constatou que o cenário está bem diferente. O nível da água está muito baixo e em vários pontos é possível até caminhar.
Em Ribeirão Preto, município que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população é feito via 116 poços artesianos do Departamento de Água e Esgotos (Daerp) –, segundo o Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), o reservatório sofre rebaixamento de um metro de profundidade por ano e, nas últimas décadas, o nível da reserva caiu 72 metros.
Segundo o Climatempo, o “calorão” vai continuar no final de semana – previsão de chuva só para o final do mês, no início da primavera. A mínima para este sábado (14) será de 19ºC e a máxima, de 35ºC, com a umidade relativa do ar na casa dos 18%, ainda em estado de alerta. No domingo, a temperatura vai variar entre 20ºC e 35ºC.
A qualidade do ar também é considerada “ruim” pela Companhia de Tecnologia Ambiental do Estado de São Paulo (Catesb). A estação instalada no Parque Maurílio Biagi, na Vila República, ao lado da Câmara, informa que a poluição na cidade está em um nível pior que o da capital desde quinta-feira (12).
A última quinta-feira, aliás, foi o dia mais quente e seco do ano em Ribeirão Preto, com os termômetros marcando 38ºC no período da tarde – mesma temperatura de quarta-feira (11), a mais alta desde os 37ºC registrados em 1º de fevereiro –, e sensação térmica acima dos 40ºC – geralmente varia em até três graus, para cima e para baixo no caso do frio.
Para piorar, a umidade relativa do ar despencou para 12%, deixando Ribeirão Preto ainda em estado de alerta, mas no limite para entrar no de emergência. Na quarta-feira estava em 15%, quando o ideal é de 60%, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Abaixo de 30% o município entra em estado de atenção e abaixo de 12% já é considerado um caso de emergência. O calorão deve continuar nesta sexta-feira (13), com mínima de 20ºC e máxima de 38ºC.
Na terça-feira (10), a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil emitiu alerta para a forte onda de calor que atinge o Estado de São Paulo, com as temperaturas máximas oscilando entre 35ºC e 38ºC em pleno inverno, nas regiões de Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília e Barretos, entre o oeste e o norte do Estado.
As prefeituras foram alertadas para recomendar a suspensão de exercícios ao ar livre nos momentos mais quentes, entre onze e 17 horas.
As pessoas devem ficar em locais protegidos do sol e evitar sair ao ar livre sem proteção solar. Há recomendação para suspender as aulas se houver risco para os alunos.
O calor excessivo representa risco de hipertermia que, em alguns casos, pode levar à morte. Devido à baixa umidade do ar, também é recomendado o uso de soro fisiológico nos olhos e narinas e a umidificação dos ambientes.
A onda de calor levou o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) a alertar os motoristas sobre os cuidados ao dirigir nessas condições. “A primeira dica é, se possível, não dirigir em horários em que a incidência solar está mais intensa, ou seja, das 11 às 17 horas”, informa.
O órgão lembra que, se não tiver como escapar do trânsito nesse período, as pessoas devem se hidratar tomando água, usando protetor solar e óculos escuros. “Uma recomendação geral é que o motorista não dirija se estiver cansado ou após ingerir alimentos pesados ou gordurosos. Esses alimentos podem causar sonolência ou até provocar algum tipo de mal-estar.”
O presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, José Francisco Kerr Saraiva, afirma que temperaturas altas no inverno, como a onda de calor que acontece no Estado, podem representar riscos sérios para a saúde. “O primeiro ponto é que o calor excessivo pode ocasionar a desidratação, principalmente nos idosos, que muitas vezes são mais frágeis e tomam menos água. Para as pessoas que se expõem ao sol, há também o risco de queimaduras devido à incidência dos raios solares.”