Tribuna Ribeirão
Artigos

Lá e cá, notícias há 

Luiz Paulo Tupynambá * 
Blog: www.tupyweb.com.br 
 
Acordei e, como sempre faço, liguei o rádio. Não sou muito de assuntos e notícias tratadas pelas emissoras locais, só tem buraco, batida de veículos e de polícia, esfaqueamento, tiroteio, propaganda de colchão milagroso, mezinha para curar erisipela, resfriado e tristeza de corno abandonado. Com “testemunho avalizado por doutor credenciado”. Só não sei se a experiência do tal doutor vem das curas corporais ou das mazelas amorosas. E, como diria o radialista, tem “diversos outros interessantíssimos assuntos” para “melhorar” uma manhã friorenta e de cara triste. 
 
Enquanto lambisco um pão de queijo e “bico” o café pelando de quente, vou ouvindo em rádio nacional o que acontece por esse mundão de porteira aberta. Melhor que o noticiário local? Não. Vejamos ou ouçamos, como preferir o nosso “dileto ouvinte/leitor”, o que se passa nesta semana. 
 
Avião 
Do acidente acontecido com o avião em Vinhedo, nem quero comentar, é um assunto muito triste para as famílias dos mortos e pessoas próximas a elas. Por experiência de vida sabemos que o assunto vai passar como passam os verões. As trovoadas dos pedidos de punição e indenização logo serão leves rumores nas salas dos tribunais. Já aconteceu antes e parece que esse caso está fadado a ser assim também. Torço com toda a vontade para que eu esteja errado nesse caso. O acidente tem que ser apurado com todo o rigor, com púnica opara quem for responsabilizado. Por conhecer várias pessoas que atuam na área, não deixo de acreditar que a maioria das empresas aéreas são sérias e responsáveis ao extremo no cuidado com suas aeronaves e cumprem religiosamente os regulamentos aéreos internacionais. 
 
Coisa de malucos 
Pelo visto os brasileiros não serão felizes enquanto Nicolás Maduro não largar o osso e picar a mula da presidência da Venezuela. É o que passa para a audiência a abordagem massiva da imprensa brasileira sobre o assunto eleição presidencial no país vizinho. E claro, como estamos no Brasil, a coisa vira de ponta-cabeça. O partido do nosso presidente apoia o ditador de lá. Tradicionalmente, desde a sua concepção eu diria, o PT sempre foi visceralmente contra qualquer ditadura. Mas alguns são menos ditadores que outros nessa abordagem seletiva dos petistas. Não consigo colocar Maduro, Noriega e Putin na mesma prateleira dos governantes democratas. E do outro lado da bagunça tem a turma que já mamou numa ditadura feroz como foi a brasileira e agora ficam “pagando” de bons mocinhos cumpridores de todas as regras de decência política e guardiães dos bons modos eleitorais. Coisa de malucos. Prestenção! 
 
A política interna da Venezuela é problema dos venezuelanos. Maduro é resultado dos processos políticos históricos da Venezuela. Eleições na Venezuela são de responsabilidade dos cidadãos venezuelanos. Outras nações podem ajudar, mas nunca interferir no processo político interno da Venezuela ou de qualquer outra nação. Isso é coisa de país imperialista e o Big Brother da América do Norte já cansou de mostrar que intervenção de um país em outro tem como resultado mortes, miséria e desespero. De qualquer forma, Maduro fingiu que cumpriu o Acordo de Barbados, onde se comprometeu a permitir a realização de eleições presidenciais, com a oposição concorrendo. 
 
Só que esqueceram de exigir neste acordo regras claras que permitissem a participação e concorrência em igualdade de condições de outros candidatos. Então fez a eleição que bem entendeu, escolheu o concorrente e na iminência de ter que revelar uma derrota, escondeu os resultados e se declarou vencedor. Agora o processo está na Corte Suprema, com juízes escolhidos a dedo por Maduro. Daqui alguns dias ou semanas, a Corte proclama o resultado com o ditador reeleito. Com esse reconhecimento interno por que ele iria largar o osso? Para tirar a cara de paspalho com que ficou Celso Amorim, que acreditou que ele entregaria as atas eleitorais? Ou convocará novas eleições para livrar o mico que pregou no companheiro Lula, que ficou de bobo na diplomacia internacional? Vai nada, ele está bem fresquinho e lampeiro na cadeira presidencial da Venezuela, sentado sobre a maior reserva petrolífera do mundo, militares no bolso e apoiado por Rússia e China. 
 
Os palhaços somos nós 
Deu uma pressa incrível nos Senadores da República. Aflição geral, paletós sacudidos, gravatas afrouxadas, mãos suadas, papelada remexida. Tudo naquele dia tinha que ser feito rápido, sem tempo de leitura ou avaliação. Invasão alienígena? Emergência climática extrema? Não, a pressa toda era para aprovar a PEC da Anistia, que perdoa os malfeitos dos senhores políticos brancos com o dinheiro destinado aos 30 por cento das cotas raciais nas últimas eleições. Foi assim, na correria e na calada da noite que os denodados senadores aprovaram a anistia das multas aplicadas aos partidos por não cumprirem a lei eleitoral. Em dois turnos essa tunga do dinheiro público avaliada em 24 bilhões de reais foi aprovada. Mas, vai você lá pedir mais 1 bilhão para a Saúde. Você sairá de lá escorraçado, como traidor da devida poupança cívica da Rés Pública. 
 
Nesse Circo Brasil, apenas os palhaços tem atores titulares, que somos nós, os cidadãos comuns. 
 
* Jornalista e fotógrafo de rua 

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