A Rússia bombardeou Kiev nesta quinta-feira, 28 de abril, enquanto o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, visitava a cidade. Segundo o prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko, ao menos três pessoas ficaram feridas.
Guterres e sua comitiva ficaram chocados com a proximidade do bombardeio russo, embora todos estejam seguros, disse um porta-voz da ONU. Segundo a agência France Presse, ao menos um prédio ficou em chamas na área bombardeada, nos primeiros ataques russos a Kiev desde meados de abril.
“Esses bombardeios dizem muito sobre os esforços da liderança russa para humilhar a ONU e tudo o que essa organização representa”, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um vídeo postado no Telegram. Cinco mísseis caíram sobre a cidade “imediatamente após o encontro” que teve com Guterres.
“Isso requer uma reação poderosa, da mesma intensidade”, acrescentou. “À tarde, o inimigo atirou em Kiev. Dois ataques no distrito de Shevshenkovsky”, disse Klitschko, observando que os primeiros relatos eram de “três pessoas internadas”.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, denunciou o que chamou de ato bárbaro e indicou que os bombardeios foram realizados com mísseis de cruzeiro. “Ataques de mísseis no centro de Kiev durante a visita oficial de António Guterres”, criticou Mijailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano, no Twitter.
“Ontem (quarta-feira, dia 27), Guterres estava sentado em uma grande mesa no Kremlin e hoje há explosões acima de sua cabeça”, disse ironicamente, referindo-se à visita de Guterres a Moscou no início desta semana, onde foi recebido pelo presidente russo, Vladimir Putin.
“É a prova de que precisamos de uma vitória rápida sobre a Rússia e que todo o mundo civilizado deve se unir em torno da Ucrânia. Temos de agir rapidamente. Mais armas, mais esforços humanitários, mais ajuda”, pediu o chefe de gabinete, Andrii Iermak.
Iermak pediu a privação da Rússia de seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. O secretário-geral da ONU chegou à Ucrânia nesta quinta-feira e deveria visitar Bucha e Irpin, nos arredores de Kiev. Os ucranianos acusam as forças russas de cometerem crimes contra a população civil nessas cidades.
A Rússia atingiu alvos de praticamente um extremo ao outro da Ucrânia nesta quinta-feira. Explosões foram relatadas em todo o país, em Polonne, no oeste, Chernihiv, perto da fronteira com a Belarus, e Fastiv, um grande centro ferroviário a sudoeste da capital.
O prefeito de Odessa, no sul da Ucrânia, disse que foguetes foram interceptados por defesas aéreas. As autoridades ucranianas também relataram intenso fogo russo no Donbas, o centro industrial no leste que o Kremlin diz ser seu principal objetivo, e perto de Kharkiv, uma cidade do nordeste que é vista como chave para a ofensiva.
A agência de guarda fronteiriça da Polônia registrou três milhões de travessias de entrada na fronteira do país com a Ucrânia desde a invasão russa, que começou no dia 24 de fevereiro. Cerca de 904 mil travessias fizeram o caminho contrário, segundo a agência.
Um bombardeio da Rússia a uma usina siderúrgica na cidade de Mariupol, na Ucrânia, deixou novas vítimas militares nesta quinta-feira. No vídeo, os militares ucranianos disseram que os russos atacaram um hospital subterrâneo improvisado e sua ala de cirurgia, matando um número não especificado de pessoas e ferindo outras. A autenticidade do vídeo não pode ser checada de forma independente.
De acordo com autoridades da Ucrânia, cerca de mil civis estavam abrigados na instalação bombardeada nesta quinta. Os corpos de 1.150 civis foram recuperados na região de Kiev, na Ucrânia, desde a invasão da Rússia, e 50% a 70% deles têm ferimentos de balas de armas pequenas, informou a polícia local nesta quinta-feira.