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Política

Justiça vai investigar incitadores de carreatas em Ribeirão

REDES SOCIAIS

O juiz José Duarte Neto, da Justiça de Ribeirão Preto, mandou investigar os ideali­zadores de uma carreata que estava prevista para aconte­cer domingo, 19 de abril, e proibiu a realização deste e de outros eventos futuros com o mesmo teor sob pena de mul­ta de diária de R$ 100 mil. O magistrado considerou que o movimento “contraria nor­mas de ordem pública, in­fringe a política de Estado de distanciamento social e con­tenção de contágios e coloca em risco a população.”

O ato estava marcado para ter início por volta das dez horas em frente a uma loja de departamentos na aveni­da Maurilio Biagi, no bairro Ribeirânia. Duarte Neto de­terminou também a busca e apreensão dos celulares e a quebra do sigilo telefônico e telemático dos supostos or­ganizadores do evento para apurar a extensão dos ilícitos, outros supostos envolvidos e a motivação da conduta. Será aberto inquérito policial – a ser instruído em até 30 dias – para apuração de eventuais crimes de infração de medida sanitária preventiva e incita­ção ao crime.

A decisão foi proferida no sábado, dia 18, durante o plan­tão judiciário e atendeu a pedi­do do Ministério Público Es­tadual (MPE). A Promotoria argumenta que três moradores da região estariam organizan­do e incitando a população a participar da manifestação denominada “Mega carreata nacional – O Brasil não pode parar”, por meio de mensagens em suas redes sociais.

No domingo, outro gru­po de manifestantes decidiu quebrar o isolamento social previsto nos decretos de ca­lamidade pública dos go­vernos municipal e estadual e se aglomerou em frente à sede da 5ª Circunscrição de Serviço Militar (CSM), na rua Duque de Caxias. Com cartazes, eles pediam a volta do Ato Institucional (AI-5), a intervenção militar no País e defendiam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal federal (STF), uma volta aos “anos de chumbo” da ditadura ver­de-oliva.

Outras carreatas
Em março, o Ministério Público já havia conseguido impedir carreatas em Ribei­rão Preto contra o decreto de calamidade pública bai­xado pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), a suspensão as atividades co­merciais e o isolamento so­cial até 27 de abril. A princi­pal delas estava programada para o dia 29 e percorreria as principais ruas e avenidas da cidade, mas foi proibida.

Na ocasião, a juíza de plan­tão Vanessa Aparecida Pereira Barbosa, de Ribeirão Preto, autorizou buscas e apreensões para recolher o computador de Maicon Tropiano, auxiliar parlamentar do deputado es­tadual Douglas Garcia (PSL), da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Tropiano ocupa cargo co­missionado no gabinete de Garcia desde março do ano passado, quando o deputado tomou posse. A decisão da ju­íza de apreender seu compu­tador visa apurar “a extensão dos ilícitos” e a “motivação das ações criminosas” envolvendo a convocação para a carreata. Também foi autorizada a que­bra do sigilo de dados.

A ação foi movida pelo Ministério Público após a manifestação ser organizada por um grupo de WhatsApp, do qual Tropiano faz parte. O objetivo seria realizar uma car­reata pelo centro de Ribeirão Preto defendendo a reabertura do comércio e o fim do isola­mento social – pauta encabeça­da pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e que vai na con­tramão dos órgãos de saúde.

Deputados da cidade criticam manifestação

O deputado federal e presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, se posicionou nesta segunda-feira, 20 de abril, sobre a manifestação de domingo (19), em Brasília, quando um grupo de pessoas pediu a volta do AI-5. O Ato Institucional número 5 (AI-5) vigorou de 1968 a 1978, no período da ditadura militar, e foi usado para punir oposito­res ao regime e cassar parlamentares.

Os manifestantes gritaram frases como “Fora Maia” (em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia), “AI-5”, “Fecha o Congresso” e “Fecha o Supremo Tribunal Federal”. O presidente Jair Bolsonaro participou da manifestação e, de cima da caçamba de uma caminho­nete, diante do quartel-general do Exército, se dirigiu a uma aglome­ração de apoiadores pró-intervenção militar no Brasil.

Bolsonaro afirmou que “acabou a época da patifaria” e gritou pa­lavras de ordem como “agora é o povo no poder” e “não queremos negociar nada”. Em suas redes sociais, Baleia Rossi postou um texto em que condena qualquer menção à intervenção militar. “Todos que juramos a Constituição temos que agir assim”, escreveu.

Já o deputado estadual Léo Oliveira (MDB) enviou a seguinte nota ao Tribuna. “Nesta segunda-feira, o presidente pronunciou afirman­do que é a favor da democracia e que não quis atacar o Congresso Nacional. Vamos dar um voto de confiança. Precisamos agora de união e inteligência estratégica para vencermos o coronavírus o mais rápido possível. Afinal de contas, vidas estão sendo perdidas e a economia destroçada. O foco deve ser esse”, afirmou.

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