Tenho um conhecido que reclama do excesso de datas comemorativas e questiona várias delas. Sim, temos datas para quase tudo! Que bom, é uma chance para interessantes reflexões, quer um ótimo exemplo? No calendário 20 de fevereiro é o Dia Mundial da Justiça Social, pois lá em 2007 a ONU reconheceu que o desenvolvimento social e a justiça social são indispensáveis para a segurança e a paz mundial e que para alcança-las é fundamental a manutenção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
Para melhor entendimento recordo que a atual noção de justiça social surgiu nas ideias de igualdade e solidariedade do século XIX e na busca do chamado equilíbrio social onde direitos básicos como acesso à justiça, saúde, educação e trabalho seriam garantidos em contraponto às desigualdades sociais produzidas pelo modelo de desenvolvimento industrial europeu fundamentado na diferenciação e subordinação.
Antes de qualquer manifestação precipitada cabe lembrar que a justiça social difere da justiça civil e da velha imagem da mulher vedada segurança uma balança. A justiça civil nasceu cega em relação às diferenças. Seu objetivo é a imparcialidade no julgamento. Já a justiça social observa o contexto e a situação dos envolvidos para a resolução mais apropriada para cada caso. Sendo de caráter corretivo, as ações de justiça social envolvem medidas protetivas para certos seguimentos sociais como: bolsas de estudo; distribuição de terras e habitação; empréstimos e preferência em contratos públicos; cotas mínimas de participação na mídia e na política.
A nova visão de justiça social passa pela compreensão de que vivemos em um mundo tecnológico, globalizado e interdependente que pode proporcionar grande desenvolvimento e crescimento econômico elevando o padrão de vida dos povos, porém ao mesmo tempo reforça a exclusão, a pobreza e a desigualdade.
Para corroborar, analisemos 2020 onde mais de 115 milhões de pessoas foram arrastadas para a extrema pobreza, incontáveis postos de trabalho foram extintos e inúmeras famílias ficaram literalmente quebradas enquanto isso o grupo das 20 pessoas mais ricas de planeta encerrou o ano com um aumento de patrimônio conjunto de 24%, chegando a 1,77 trilhão de dólares (8,83 trilhões de reais), quase o valor do PIB brasileiro.
Nada contra a prosperidade alheia, mas alguma coisa está errada e resta claro a urgência na criação de mecanismos de proteção para amenizar as desigualdades sociais gritantes. A promoção da justiça social e a distribuição de renda são urgentes e imprescindíveis. Enfatiza-se que ações como a geração de emprego, erradicação da pobreza, igualdade de gênero não podem ser pautas ou bandeiras exclusivas de determinados grupos políticos ou ideológicos, devemser prioridades nas agendas de todos os governantes.
Uma das maiores dificuldades da humanidade está em compreender e respeitar as diferenças e individualidades culturais, étnicas, religiosas, entre outras. Buscar a tão almejada justiça social não se trata de utopia e sim de uma necessidade global. Todos são convidados para a caminhada em busca dessa justiça e compete a cada um de nós gestos concretos na remoção das diversas barreiras que impedem a inclusão e integração.