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Justiça investiga se ‘Vermelho’ foi pago

O juiz federal da 10ª Vara de Brasília, Ricardo Leite, afir­mou haver “incongruências” no depoimento de Walter Del­gatti Neto, o “Vermelho”, de 30 anos, suspeito de liderar a organização alvo da Operação Spoofing, que teria hackeado mil pessoas, entre elas, autori­dades dos três Poderes. Essa foi uma das razões para conver­ter a prisão temporária – por cinco dias prorrogáveis – dos investigados em preventiva, por tempo indeterminado, na quinta-feira, 1º de agosto.

Em depoimento, Delgatti chegou a dizer que agiu sozinho, e não foi remunerado pelo cri­me. No entanto, o magistrado também afirma querer saber se ele foi pago. “Vermelho” seroia o suposto líder do grupo. A Po­lícia Federal encontrou indícios de que o motorista Danilo Cris­tiano Marques, de 36 anos, sabia das ações do amigo. “Vermelho” foi preso no Edifício Premium, na avenida Leão XIII, no bairro da Ribeirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto.

O apartamento foi alugado por Marques, suspeito de ser o testa de ferro dele – todos são de Araraquara, onde o motorista foi preso. O casal Gustavo Hen­rique Elias Santos, o DJ “Guga”, de 28 anos, e a namorada dele, Suelen Priscila de Oliveira, de 25, foram detido em São Paulo. Todos são suspeitos de hackear o ministro da Justiça e Seguran­ça, Sergio Moro, o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e outras autoridades – são cer­ca de mil pessoas no total, entre empresários, jornalistas e autori­dades dos três Poderes.

Ricardo Leite assumiu a 10ª Vara Federal na quinta-feira após voltar das férias. As deci­sões até a véspera haviam sido tomadas por Vallisney Oli­veira, em substituição. O juiz anota a necessidade de apurar a “motivação de Walter Del­gatti Neto ao repassar infor­mações sigilosas ao sítio ele­trônico Intercept, e se recebeu alguma quantia em pagamento”

“O investigado afirma ter agido sozinho e não ter rece­bido nenhuma vantagem em troca das mensagens captura­das das contas do Telegram de suas vítimas. Ocorre que, dos novos elementos probatórios trazidos pela autoridade poli­cial, da análise dos computa­dores e discos rígidos arreca­dados na residência de Walter Delgatti Neto, laudo pericial atestou a realização de 5.812 ligações suspeitas no sistema da BRVOZ que tiveram como alvo 1.162 números distintos, o que revela a possível atuação de outras pessoas juntamente com Walter”, afirma o juiz.

Na quinta-feira, o prazo da cautelar se esgotaria. A PF e o Ministério Público Federal, no entanto, pediram para que ela fosse convertida em preventiva – ou seja, por tempo indeter­minado. Após voltar de férias, Leite decidiu manter os suspei­tos de hackear autoridades na cadeia.Para manter presos os demais nomes, além de “Ver­melho”, o juiz fundamentou principalmente nas suspei­tas de que cometeram crimes como fraudes bancárias.

“Foram encontradas men­sagens nos aparelhos celulares apreendidos na residência de Suelen Priscila de Oliveira e Gustavo Henrique Elias San­tos, evidenciando que Suelen tinha conhecimento e prati­cava fraudes bancarias”.O juiz Ricardo Leite frisou que não se comprovou a origem lícita da quantia de R$ 99 mil em es­pécie apreendida com o casal. “Há diversas lacunas que não foram esclarecidas com a ori­gem do montante de R$ 99 mil encontrados na residência de Gustavo e de Suelen”.

O magistrado ainda quer saber em “que constituiu a parti­cipação de Marques já que surgi­ram fortes indícios de que tinha total conhecimento da prática delitiva, desconstituindo as suas declarações perante a polícia de que agiu em razão de amizade que tinha com Walter”. “Além disso, o próprio Walter Delgatti declarou sua habilidade em in­formática, sendo que solto po­derá destruir provas”.

Entre as vítimas de ataques no período investigado pela Operação Spoofing, estão o presidente Jair Bolsonaro, o mi­nistro da Justiça Sergio Moro, o presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de No­ronha e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes – além de procuradores, magistrados, po­líticos e jornalistas.

Uma imagem da tela do ce­lular de “Vermelho” indica que ele pode ter hackeado os celu­lares de políticos de Ribeirão Preto. As vítimas seriam o pre­feito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), o deputado federal e líder do MDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi, e o deputado estadual Léo Olivei­ra (MDB), usuários do aplica­tivo Telegram.

Inicialmente, os quatro pre­sos são investigados pelos cri­mes de associação criminosa, invasão de dispositivos infor­máticos e interceptações telefô­nicas. Caso também sejam en­quadrados na Lei de Segurança Nacional, como defendem inte­grantes do Planalto, a punição pode chegar a 15 anos de prisão.

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