A Justiça requereu nova perícia médica de Alda Poggi Pereira, de 60 anos, acusada de matar a filha, grávida de sete meses, e esfaquear o neto de quatro anos na casa da família, em Ribeirão Preto. A perícia foi marcada para a próxima quinta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Alda Poggi segue internada em clínica em Jaboticabal, onde está há 20 meses, desde julho de 2016, quando a defesa conseguiu a liberdade provisória vinculada à internação em ala psiquiátrica. Isso foi possível graças a um laudo pericial que atestou sua inimputabilidade – não pode ser responsabilizada pelos graves atos cometidos.
Os peritos podem determinar uma melhora no quadro clínico da paciente. Se isso ocorrer, o tratamento poderá ter continuidade na casa da mãe da acusada, se for liberada. Os irmãos dela também se dispuseram a ajudar e acompanhar a evolução da professora de música Alda Poggi.
O advogado Daniel Rondi, que responde pela defesa, diz que “é uma situação complicada mantê-la em Jaboticabal. Quanto a isso, ela por si só ficaria no hospital, porque tem todo o acesso às necessidades de saúde dela. Enfim, a mãe e os irmãos concordaram que, se eventualmente ela sair, vão cumprir o tratamento dela”, comenta.
Em todas as ocasiões em que foi submetida aos exames periciais no Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto, segundo o advogado, a musicista demonstrou confusão mental. Rondi argumenta que “na verdade, a responsabilidade nossa é muito grande. Eu não posso falar que ela está curada, não sou médico, não me opus. Agora, ela vai passar de novo pelos peritos do Fórum Estadual e eles vão dizer se é possível modificar o tratamento, ou não”, esclarece.
O crime – A musicista Alda Poggi, conceituda professora de piano em Ribeirão Preto, é acusada de esfaquear a filha, a professora Ligia Poggi Pereira, de 30 anos, enquanto dormia, dentro da casa da família, no bairro Ribeirânia, Zona Sul, em 25 de junho de 2016. Em seguida, de acordo com a Polícia Civil, a professora deu duas facadas no pescoço do neto.
Ela ainda ligou para um vizinho, dizendo que se mataria. O homem foi até a residência da professora e conseguiu evitar o suicídio, mas também ficou ferido. Ligia chegou a ser submetida a uma cesárea, mas ela e o bebê não resistiram. Logo nos primeiros depoimentos prestados à polícia, Alda afirmou que não se lembrava do dia do crime.
O inquérito concluiu, porém, que horas antes de esfaquear a filha e o neto, a professora de música comprou combustível e as facas usadas. Apesar dos indícios de premeditação do crime, um laudo psiquiátrico apontou que Alda Poggi sofre de uma espécie de demência e é inimputável, ou seja, não pode ser responsabilizada pelos atos. Ainda não há um diagnóstico preciso sobre a patologia da professora.
Para o Ministério Público, mesmo com o resultado do laudo psiquiátrico, Alda responderá ao processo por homicídio. Entretanto, em vez de ser levada a júri popular, como geralmente ocorre em caso de assassinato, deve receber pena de internação em hospital psiquiátrico.