O Tribunal de Justiça de Goiás determinou nessa quinta-feira, 27, o bloqueio de R$ 50 milhões das contas do líder espiritual João Teixeira de Faria, o João de Deus. O médium está preso, suspeito de abusar sexualmente de mulheres durante atendimento espiritual na cidade de Abadiânia (GO), e nega as acusações. O dinheiro será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado pelos crimes. O advogado de defesa, Alberto Toron, disse que não recebeu qualquer informação sobre essa decisão.
Na quinta, o juiz Wilson Safatle Faiad revogou uma das prisões do médium, que é investigado também por posse ilegal de arma de fogo. Ele continua preso em razão do mandado de prisão preventiva, relativo às acusações de abuso sexual. No caso da arma, o juiz condiciona a revogação ao pagamento de uma fiança no valor de R$ 1 milhão, uso de tornozeleira eletrônica e entrega do passaporte. Preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil, ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO). Lá, ele dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.
A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Agora, o pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). A procuradora-geral da República Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura do médium.
Em parecer, ela defendeu a manutenção da prisão preventiva de João de Deus, alegando que o habeas corpus solicitado representa “dupla supressão de instâncias do judiciário”. Para ela, o mérito “não foi analisado pelo Tribunal de Justiça”, instância que a defesa também recorre. Para Dodge, a prisão deve ser mantida também pelo risco de fuga e da possível intenção em dificultar as investigações, mas ela defendeu a suspensão do sigilo sobre as investigações.