A Justiça de Ribeirão Preto determinou nesta quarta-feira, 6 de dezembro, o bloqueio do sítio comprado pelo ex-vereador Evaldo Mendonça (PTB), o “Giló”, genro da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), em fevereiro de 2013 e que custou cerca de R$ 985 mil. O Grupo de Atuação Especial de Repressão do Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE) investiga se o imóvel, a cerca de 20 quilômetros de Fortaleza de Minas (MG), foi comprado para “lavar dinheiro de propina” recebido pela ex-chefe do Executivo da advogada Maria Zuely Alves Librandi.
A propriedade foi comprada por “Giló” em 25 de fevereiro de 2013, menos de um mês depois de Maria Zuely, então advogada do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/SP) ter recebido a primeira parcela dos honorários advocatícos do acordo do Plano Collor (ação dos 28,35), no valor de R$ 4,85 milhões. Em delação premiada, o ex-presidente da entidade, Wagner Rodrigues, disse que dos R$ 45 milhões supostamente desviados dos 3,5 mil beneficiários, R$ 7 milhões foram parar no bolso de Dárcy Vera.
Afora o ex-sindicalista, todos os demais acusados negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência – estão processados por associação criminosa, peculato e corrupção ativa e passiva. “Giló” não é réu na ação penal dos honorários, apenas na que investiga apadrinhamento em troca de apoio político, fraude em licitações e pagamento de propina no caso Atmosphera Construções e Empreendimentos e Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) – em que também refuta a prática de crimes.
O contrato de compra do sítio em Fortaleza de Minas foi encontrado no gabinete de Evaldo Mendonça pela Polícia Federal, em 1º de setembro do ano passado, quando a Operação Sevandija foi deflagrada. O ex-vereador já disse em depoimento que comprou o imóvel com recursos próprios e com o dinheiro da negociação de uma propriedade da família.
A força-tarefa encontrou no escritório um contrato de compra e venda de um sítio de 42 hectares com 80 mil pés de café em Fortaleza de Minas, além de uma nota promissória de R$ 80 mil. Segundo as investigações, o ex-vereador não registrou a propriedade em seu nome nem a declarou à Receita Federal. Quase cinco anos depois da transação, o imóvel continua no nome do antigo dono, Sérgio Carmozine.
Na última terça-feira (5), o juiz da 4ª Vara Criminal, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, chegou a comentar o interesse em saber da ex-prefeita Dárcy Vera sobre como o genro conseguiu adquirir a propriedade. Ela prestou depoimento no Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto, mas evitou as perguntas da Promotoria e do magistrado, respondendo apenas os questionamentos da advogada de defesa, Maria Cláudia Seixas. E voltou a dizer que não cometeu corrupção e vai provar inocência.