A Justiça de Ribeirão Preto autorizou a exumação do corpo de Isabella da Costa Domiciano, de um ano, que morreu em 6 de fevereiro por suspeita de erro médico. A família diz que a menina foi sepultada no dia 7, no Cemitério Bom Pastor, sem passar por necropsia após ser atendida na o Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira, na Vila Tamandaré.
A exumação, segundo a Polícia Civil, está marcada para esta sexta-feira (23), às oito horas. O pedido para que o corpo da criança fosse submetido à nova perícia partiu da delegada Sílvia Ruivo Valério Mendonça, do 2º Distrito de Polícia, nos Campos Elíseos. Ela é a responsável pelo inquérito que investiga a morte da menina.
A Polícia Civil espera que a exumação aponte elementos que identifiquem a causa da morte da criança, atribuída a um choque séptico no atestado de óbito, segundo os pais. No entanto, ela lembra que já passaram 15 dias desde o óbito e que os exames podem ser inconclusivos. Apesar de ressaltar que o procedimento deveria ter sido feito no dia da morte, a policial espera encontrar pistas para identificar o que aconteceu com a criança.
O Hospital Sinhá Junqueira informou ter realizado o procedimento padrão na paciente, mas não divulgou a causa da morte, alegando questão de sigilo. Também argumentou que a necropsia foi dispensada pelo próprio Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), em razão da causa da morte ter sido fundamentada em documentação médica enviada pelo hospital. Os pais acreditam que a filha foi vítima de erro médico, já que não foi feita a necropsia, mesmo com o exame autorizado pela família.
A mãe Silvana Costa Domiciano diz que o drama de Isabella começou no início de fevereiro, quando ela foi levada com febre ao hospital. A médica que a atendeu solicitou um hemograma e um exame de raio-X, que apontou a suspeita de pneumonia. A profissional receitou amoxicilina após a mãe afirmar que não tinha conhecimento sobre o fato de a filha ter alergia a qualquer tipo de medicamento.
A menina foi liberada, mas em vez de melhorar, começou a vomitar em casa. Os pais levaram Isabella de volta ao hospital Sinhá Junqueira, onde ela passou por novo raio-X. Segundo a mãe, a menina recebeu alta após receber medicamento para cortar o vômito, mas a situação voltou a piorar no dia seguinte.
De acordo com Silvana, ao retornar pela terceira vez ao hospital, Isabella foi atendida por outra médica que demonstrou preocupação. Os pais perceberam a barriga da menina inchada e rígida, e a especialista receitou um antigases. Como não respondeu ao soro, Isabella foi levada pela equipe médica à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foi entubada e submetida a exame de sangue. Segundo a mãe, os médicos também descartaram a hipótese de meningite, mas o estado de saúde do bebê piorou e ele não resistiu.
Silvana acredita que o medicamento receitado no primeiro atendimento desencadeou o quadro que levou a filha à morte. Para a mãe, a menina recebeu o medicamento errado e alguma composição do remédio agravou a situação. Em nota, o hospital informou ter seguido o protocolo padrão de atendimento. Acrescentou que a informação sobre a causa morte está à disposição da família no prontuário médico.
O SVO, por sua vez, confirmou dispensar a necropsia em casos em que a causa da morte é esclarecida por documento assinado por médico, e que só realiza o exame caso haja um pedido por parte da família, que procurou a unidade após a liberação do corpo.