Tribuna Ribeirão
Política

Justiça afasta vice-presidente da Câmara

ALFREDO RISK

A juíza da Vara da Fazen­da Pública de Limeira, Sabrina Martinho Soares, decidiu na segunda-feira, 21 de outubro, em ação de cumprimento de sentença, que os vereadores e pessoas condenadas por irre­gularidades em 2005, durante o mandato parlamentar da legis­latura de 2005 a 2008 da cida­de, fiquem proibidas de ocupar funções públicas. A decisão foi dada em resposta a questiona­mento de Luís Cláudio Barbosa, assessor de Otoniel Lima (PRB) vice-presidente da Câmara de Ribeirão Preto, que pediu a ex­tinção da condenação e a revisão do valor da multas pecuniária estabelecida judicialmente.

Segundo a sentença, além de Otoniel Lima, que deve ser afas­tado do cargo e de seu primeiro mandato parlamentar na cidade assim que o Legislativo de Ri­beirão Preto for notificado, mais sete pessoas foram condenadas. Em 2005, quando era vereador em Limeira, o atual vice-presi­dente da Câmara ribeirão-preta­na foi acusado, junto com outros três parlamentares limeirenses, de manterem “funcionários fan­tasmas” em seus gabinetes que efetivamente não exerciam ativi­dades legislativas.

Otoniel Lima foi acusado de manter uma funcionária no ga­binete que não prestaria serviços à Câmara. A ação foi julgada em terceira instância pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que condenou em definitivo – tran­sitado em julgado – os acusados. Ou seja, não cabe mais recursos. Entretanto, como a ação só foi finalizada após o termino do mandato de Otoniel Lima na Câmara de Limeira, a perda da função pública não teve efeito prático, já que ele não exercia mais nenhum cargo público.

Na decisão de segunda-feira, a juíza indeferiu o pedido de re­visão e argumentou que a pena de perda da função pública se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condena­tória. Diz parte da sentença: “Essa perda não alcança ape­nas a função desempenhada quando da prática do ato ím­probo, mas de qualquer função pública exercida após o trânsito em julgado da sentença conde­natória, como aqui ocorre”.

Agora, a Justiça vai verificar se todos os condenados estão ocupando alguma função pú­blica. Para isso irá notificá-los. No caso de Otoniel Lima, após este processo a Câmara de Ri­beirão Preto deverá nomear seu suplente. Ele foi eleito em outu­bro de 2016 com 3.506 votos, a oitava maior votação dentre 27 parlamentares que conquista­ram uma cadeira no Legislativo.

A advogada do vereador, Michelle Carneo Elias, afirmou ao Tribuna que impetrou, ain­da nesta terça-feira (22), agravo de Instrumento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) para tentar reverter a decisão. Segundo ela disse recentemen­te ao Tribuna, o Regimento In­terno da Câmara da cidade de Limeira proibia que qualquer servidor comissionado exer­cesse outra função, mesmo fora do horário de serviço da Casa de Leis, e que a telefonista contratada por Otoniel Lima foi acusada de trabalhar aos sába­dos como manicure.

Na época, segundo a advo­gada, a servidora foi exonera­da do cargo e o vereador teria devolvido – por iniciativa pró­pria – os valores recebidos pela assessora. O Ministério Públi­co também quer que ele pague R$ 71,6 mil aos cofres públicos. Neste caso, a juíza decidiu que os valores serão discutidos em mo­mento posterior.

Otoniel Lima é o presiden­te do Diretório Municipal do Partido Republicano Brasileiro (PRB) em Ribeirão Preto. Foi eleito vereador em Limeira no pleito de 2004 e ficou no cargo por dois anos, em 2005 e 2006, quando foi eleito deputado es­tadual. Cumpriu o mandato (2007-2010) até ser eleito depu­tado federal para a legislatura 2011-2014.

O suplente
Em julho, o suplente de vere­ador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Luiz Antô­nio França, protocolou, na Câ­mara de Ribeirão Preto, ofício questionando a legalidade do mandato de Otoniel Lima (PRB). No pedido, ele perguntava ao Le­gislativo se o fato de o vice-pre­sidente do Legislativo já ter sido condenado à perda da função pú­blica não o impediria de ocupar uma cadeira Legislativo.

O autor do requerimento é presidente da Associação dos Moradores do Complexo Ri­beirão Verde. França disputou a eleição de 2016, coligado ao PRB, legenda de Otoniel Lima, e obteve 1.682 votos. Ele vai as­sumir a cadeira quando o repu­blicano for notificado da decisão – se o Tribunal de Justiça não mudar a sentença.

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