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Justiça acata denúncia da Sevandija

ALFREDO RISK

O juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, res­ponsável pelas ações penas da Operação Sevandija, acatou de­núncia do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) contra o ex-secretário municipal da Edu­cação, Ângelo Invernizzi Lo­pes, os ex-superintendentes da Companhia de Desenvolvimen­to Econômico (Coderp), Davi Mansur Cury e Pedro Scompa­rim, por associação criminosa, fraude em licitação e corrupção ativa e passiva.

A nova denúncia trata de uma investigação antiga que serviu de gatilho para a Operação Sevan­dija, deflagrada em 1º de setem­bro de 2016: fraude em licitações na compra de 700 catracas para escolas da rede municipal de ensino. Dois certames de 2013, primeiro ano do segundo man­dato de Dárcy Vera na prefeitura de Ribeirão Preto, chamaram a atenção dos promotores Leonar­do Romanelli, Walter Manoel Alcausa Lopes e Frederico de Camargo.

Os processos licitatórios abertos pela Coderp a pedido da Secre­taria Municipal da Educação somam R$ 13 milhões – um para compra dos equipamen­tos, no valor de R$ 8 milhões, e outro para manutenção, de R$ 5 milhões. Ao acatar a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o magistrado também determinou o bloqueio de bens também avaliados em R$ 13 mi­lhões – empresas, imóveis, veí­culos e dinheiro depositado em contas bancárias.

Considerado pelo MPE um dos líderes do esquema ilícito, Inver­nizzi cumpre prisão domiciliar em Ribeirão Preto. Segundo o promotor Walter Manoel Al­causa Lopes, o ex-secretário re­cebeu R$ 1,3 milhão em propina de empresários beneficiados no esquema. O advogado dele, Clo­doaldo Nogara, não comentou a denúncia, mas afirma que o cliente já provou que não rece­beu propina.

De acordo com o representante do MPE, foi feito um ajuste entre as empresas participantes, que se alternaram para vencer os dois certames nos valores de R$ 8 milhões e de R$ 5 milhões. “Na segunda licitação, essas mesmas empresas trocaram de lado. Uma delas foi declarada ven­cedora e recebeu o contrato no valor aproximadamente de R$ 5 milhões, uma troca de favores entre as empresas.”

O promotor afirma que o ex-secretário recebeu propina do empresário Dimas Longhini Hermínio Fausto, mas que o esquema não seria possível sem total aval dos superintendentes da Coderp à época. Para ele, a participação de Cury e Scom­parim foi determinante, pois os processos licitatórios foram fei­tos pela companhia justamente para mapear o suposto esquema ilícito, “um atalho para que os pregões fraudados fossem reali­zados.” O MPE afirma que hou­ve um conluio entre os agentes denunciados para a fraude e a obtenção de vantagem indevida.

A defesa de Davi Mansur Cury, que está preso desde maio de 2017 em Tremembé, informou que ainda não recebeu a denún­cia e que só vai comentar o caso quando tiver conhecimento das acusações. O empresário Dimas Longhini Hermínio Fausto afir­mou que ele e a esposa, Fabia­na Martins Vieira, não vão se manifestar. A reportagem não conseguiu contatar a defesa dos demais réus.

Agora, a Operação Sevandija, em nova fase, tem 40 réus. Estão presos, a ex-prefeita Dárcy Vera, os ex-secretários Marco Anto­nio dos Santos (Administração), Layr Luchesi Júnior (Casa Civil) e Invernizzi Lopes (prisão do­miciliar), o ex-superintendente da Coderp Davi Cury, os advo­gados Sandro Rovani, Marcelo Gir Gomes e Maria Zuely Alves Librandi e o ex-vereador e presi­dente da Câmara, Walter Gomes (PTB). Todos negam a prática de crimes.

A outra ação penal que envolve a Coderp foi suspensa por deci­são do ministro Rogério Schietti Cruz, da Sexta Turma do Supe­rior Tribunal de Justiça (STJ), re­lator dos processos da Operação Sevandija em Brasília, que con­cedeu liminar à defesa de Inver­nizzi Lopes.

Em abril, os promotores do Ga­eco entregaram relatório com 403 páginas ao juiz da 4ª Vara Criminal em que pedem a con­denação de 21 réus por vários crimes – organização criminosa, dispensa indevida e fraude em licitações, corrupção passiva e ativa e peculato.

O MPE também requer a devo­lução de R$ 105,98 milhões aos cofres públicos e a prisão pre­ventiva de 14 pessoas. Segundo o Gaeco, o valor total desviado dos cofres públicos apurado nas três frentes de investigação – Coderp, honorários e a do De­partamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) – pas­sou de R$ 203 milhões para R$ 245 milhões.

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