Os juros do cheque especial subiram em março, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quinta-feira (26), em Brasília. A taxa chegou a 324,7% ao ano, com aumento de 0,6 ponto percentual em relação a fevereiro. No ano, a elevação é de 1,7 ponto percentual. No último dia 10, os bancos anunciaram mudanças, mas as novas regras só valem a partir de julho.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes que utilizarem mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos vão receber a oferta de um parcelamento, com taxa menor de juros que a do cheque especial a ser definida individualmente pelos bancos. O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que a autarquia não tem estimativa de redução dos juros, com a medida definida pela Febraban.
“A Febraban propôs uma autorregulação. Espera-se uma redução de taxas, melhores condições para os clientes bancários. O Banco Central não tem uma estimativa de quanto isso vai ser”, disse Rocha. Ele acrescentou que o crédito rotativo, como cheque especial e cartão, por ter taxas altas, deve ser usado pelo menor tempo possível.
O juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito subiu 2,1 pontos percentuais de fevereiro para março. Com isso, a taxa passou de 332,4% em fevereiro para 334,5% ao ano em março. O juro do rotativo é a taxa mais elevada desse segmento e também a mais alta entre todas as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 239,1% para 243,5% ao ano. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.
Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 399,6% para 397,6% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro caiu de 174,3% para 169,3% ao ano. Considerando o juro de todas as operações oferecidas no cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 74,7% para 74,0% de fevereiro para março.
As operadoras de cartões de crédito não poderão mais cobrar juros especiais, quase sempre maiores, de clientes que estiverem no rotativo e ficarem inadimplentes, disse o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso. A medida baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) prevê que o juro continuará sendo o do rotativo, apenas acrescido de 2% de multa e 1% ao mês de juro de mora. Embora o rotativo já seja uma das maiores taxas de juros cobradas dos brasileiros, há instituições que cobram um percentual ainda maior se o cliente que está no rotativo fica inadimplente.