Tribuna Ribeirão
Economia

Juros do cheque vão para 322,2% ao ano

A taxa de juros do cheque es­pecial subiu 1,3 ponto percentu­al em junho, comparada a maio, e chegou a 322,2% ao ano. Em 2019, os juros desta modalidade de crédito pessoal já subiram 9,6 pontos percentuais. Os dados foram divulgados nesta sexta­-feira, 26 de julho, pelo Banco Central. A taxa média do rota­tivo subiu 0,3 ponto percentual em relação a maio, chegando a 300,1% ao ano.

A taxa média é formada com base nos dados de consumido­res adimplentes e inadimplentes. No caso do correntista adim­plente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do car­tão em dia, a taxa chegou a 277,2 % ao ano em junho, recuo de 2,7 pontos percentuais em relação a maio. A taxa cobrada dos clien­tes que não pagaram ou atrasa­ram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) su­biu 2,4 pontos percentuais, indo para 316,4% ao ano.

O rotativo é o crédito toma­do pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financei­ras parcelam a dívida. Em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rota­tivo do cartão de crédito pas­sem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regula­res. Essa regra entrou em vigor em junho deste ano.

Mesmo assim, a taxa fi­nal cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os ju­ros pelo atraso e multa. Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, a taxa de 175,6% ao ano em junho, com aumento de 1,5 ponto percentual.

A taxa de juros do crédito pessoal não consignado che­gou a 120,3% ao ano em junho, com aumento de 0,2 ponto percentual em relação a maio. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,4 ponto percentual, indo para 22,8% ao ano no mês passado. A taxa média de juros para pessoa fí­sica subiu 0,3 ponto percentual em junho para 53,2% ao ano. A taxa média das empresas ficou em 18,7% ao ano, queda de 0,8 ponto percentual.

Inadimplência
A inadimplência do crédi­to, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, ficou estável em 4,8%. No caso das pessoas jurídicas, o indica­dor ficou em 2,6 %, com queda de 0,1 ponto percentual. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro capta­do no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.

No caso do crédito direcio­nado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destina­dos, basicamente, aos setores ha­bitacional, rural, de infraestrutu­ra e ao microcrédito) os juros para as pessoas físicas oscilaram 0,1 ponto percentual para baixo, para 7,7% ao ano. A taxa cobra­da das empresas caiu 0,5 ponto percentual para 9,1% ao ano. A inadimplência das pessoas físi­cas no crédito direcionado ficou caiu 0,1 ponto percentual para 1,7% e a das empresas recuou 0,4 ponto percentual para 2%.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Cen­tral, Fernando Rocha, comen­tou ontem, que os juros ban­cários ainda são elevados no Brasil, “mas aparentemente têm trajetória de redução”. Os dados do BC mostram que a taxa de juros média com recursos li­vres – sem dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da poupança – ficou em 38,3% ao ano em junho. Isso repre­senta uma queda de 0,2 ponto percentual no mês e também de 0,2 p.p. no primeiro semes­tre. No caso do crédito direcio­nado (recursos do BNDES e da poupança), o juro médio ficou em 8,2% ao ano, com queda de 0,2 ponto no mês e de 0,3 pon­to no semestre.

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