Tribuna Ribeirão
Economia

Juros da economia sobem a 9,25%

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Com o aumento da infla­ção, o Banco Central fez mais um ajuste nos juros básicos para tentar segurar a alta dos preços. Nesta quarta-feira, 8 de dezembro, por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano. A decisão era es­perada por analistas do merca­do financeiro.

Este foi o sétimo reajuste consecutivo na taxa Selic, de­pois de passar seis anos sem elevação. De março a junho, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agos­to, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reu­nião. Na última reunião, em outubro, o reajuste chegou a 1,25 ponto percentual.

Com a decisão de dezem­bro, o choque de juros este ano chega a 7,25 pontos per­centuais, o maior em quase 20 anos, desde o ciclo entre o fim de 2002 e o início de 2003. E a Selic alcançou o maior pata­mar desde setembro de 2017, quando estava em um ciclo de afrouxamento após alcan­çar 14,25% em meio à crise de 2015 e 2016.

A taxa está, portanto, no maior nível do governo Jair Bolsonaro (PL). Quando o presidente chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacio­nal de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em outubro, o índice ficou em 1,25%, o maior para o mês desde 2002 (1,31%). Em doze meses, o IPCA chegou a 10,67%.

Para o mercado finan­ceiro, o IPCA deve chegar a 10,18% neste ano, segundo o último boletim Focus, divul­gado na segunda-feira (6). Tanto o resultado em doze meses quanto a previsão para 2021 estão acima do teto da meta de inflação para o ano. Para 2021, o Conselho Mone­tário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação em 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Ou seja, o limite superior é 5,25% e o inferior, 2,25%.

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores en­carecem o crédito e desestimu­lam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade mo­netária precisa estar segura de que os preços estão sob contro­le e não correm risco de subir.

A taxa básica de juros é usa­da nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Se­lic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pres­siona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Com o último movimento de aperto monetário, o Brasil continua a ter uma das maiores taxas de juros real (desconta­da a inflação) do mundo, mas perdeu o pódio para a Turquia (+5,83%), considerando as 40 economias mais relevantes. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management in­dicam que o juro real brasileiro está agora em +5,03% ao ano. Na terceira posição, aparece a Rússia (+4,23%). A média dos 40 países considerados é de -1,13%.

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