Mesmo após o fim do ciclo de alta da Selic, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 6,0 pontos percentuais de janeiro para fevereiro, informou nesta quarta-feira, 29 de março, o Banco Central. A taxa passou de 411,4% para 417,4% ao ano.
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 182,0% para 189,6% ao ano.
Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 94,9% para 101,4%. Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.
A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado. A taxa média de juros no crédito livre subiu de 43,5% ao ano em janeiro para 44,2% ao ano em fevereiro.
No segundo mês de 2022, era de 36,5%. Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 56,6% para 58,2% ao ano de janeiro para fevereiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 25,3% para 24,2%. Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial.
A taxa disparou de 131,1% ao ano para 137,4% ao ano de janeiro para fevereiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 41,7% para 42,2% ao ano. Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial.
A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em fevereiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano). Os dados divulgados pelo Banco Central mostram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 29,1% ao ano em janeiro para 29,0% em fevereiro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES) permaneceu em 31,2% ao ano de janeiro para fevereiro. No segundo mês de 2022, estava em 26,0%. A taxa de inadimplência total nas operações de crédito livre com os bancos em fevereiro repetiu a taxa de 4,5% de janeiro, informou o Banco Central.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência também continuou em 6,1% de um mês para o outro. No caso das empresas, variou de 2,3% para 2,4% no período. A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) aumentou de 1,3% para 1,6% em fevereiro ante janeiro.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência variou de 3,2% em janeiro para 3,3% em fevereiro. Na mira do governo federal, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou 2022 em 49,0%, menor do que no fim de 2021 (49,7%).
Em janeiro deste ano, o endividamento ficou em 48,8%, conforme a Nota de Crédito de fevereiro divulgada pelo BC. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho do ano passado (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 31,0% no encerramento de 2022 e em janeiro deste ano. Estava em 31,5% em novembro.
Já o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o ano passado em 27,3%, contra 27,7% no mês anterior. Em janeiro, ficou em 27,1%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,3% no fim de 2022, ante 25,7% em novembro. Em janeiro, ficou em 25,1%.