Com a Selic mantida em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, a taxa média de juros no crédito livre subiu de 44,5% ao ano em março para 45,1% ao ano em abril, informou nesta terça-feira, 30 de maio, o Banco Central. A taxa média apurada no mês passado é a maior desde agosto de 2017 (45,6%). No quarto mês de 2022, era de 37,9%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 58,6% para 59,7% ao ano de março para abril – também a maior taxa desde agosto de 2017 (62,3%). Para as pessoas jurídicas, o juro médio cedeu de 24,1% para 23,9%.
Cartão e cheque especial
Mesmo após o fim do ciclo de alta da Selic, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 14,4 pontos percentuais de março para abril. A taxa passou de 433,3% (dado revisado) para 447,7% ao ano, o maior patamar desde março de 2017 (490,3%).
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 193,2% (dado revisado) para 200,7% ao ano, o maior valor da série disponibilizada pelo BC, iniciada em março de 2011.
Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 102,4% (dado revisado) para 104,8%. Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 130,1% ao ano para 134,0% ao ano de março para abril.
No crédito pessoal, a taxa passou de 42,2% para 43,1% ao ano. Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Veículos
Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 28,6% ao ano em março para 28,5% em abril. A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), subiu de 31,8% ao ano em março para 32,2% ao ano em abril. No quarto mês de 2022, estava em 27,8%.
Inadimplência
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 4,5% para 4,7% de março para abril, informou o Banco Central. Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 6,0% para 6,2% de um mês para o outro. No caso das empresas, variou de 2,4% para 2,8% no período.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 1,5% para 1,6% em abril ante março. Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência variou de 3,3% em março para 3,4% em abril.
Endividamento das famílias
Na mira do governo federal, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro caiu pelo quinto mês consecutivo e fechou março em 48,5%, ligeiramente abaixo do porcentual de fevereiro (48,6%).
Apesar da queda nos últimos meses, o endividamento das famílias ainda está próximo do recorde da série histórica do Banco Central, de julho do ano passado (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,7% em março, contra 30,8% no mês anterior.
Já o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) subiu em março, para 27,7%, contra 27,4% no mês anterior. O porcentual de março fica muito próximo do maior valor da série, de setembro de 2022 (27,8%). Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,6% em março, ante 25,4% em fevereiro.