Autoridades, membros da sociedade civil, juristas, representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) se reuniram na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, na segunda-feira, 9 de janeiro, e pediram punição “sem anistia” aos financiadores e participantes do ataque à Praça dos Três Poderes em Brasília no domingo (8).
À noite, manifestantes pró-democracia reuniram multidões em São Paulo e Rio de Janeiro. O grupo classificou a ação como “atos terroristas contra a democracia” e “tentativa de golpe de Estado”. Também pediu responsabilização civil, criminal e indenização aos cofres públicos. Os oradores ainda exigiram que seja investigada ação ou omissão de representantes do Poder Público ao longo dos ataques.
O reitor da Universidade de São Paulo, o ribeirão-pretano Carlos Gilberto Carlotti Júnior, defendeu que “não há e nem haverá anistia” aos responsáveis. “A depredação da sede dos três Poderes da nossa República só serviu para cobrir nossa pátria de vergonha”, disse.
“Estamos aqui para exigir sem meias palavras que os responsáveis pelos crimes de barbárie sejam todos eles, seus financiadores e seus agentes investigados, julgados e punidos na forma da lei”, disse. “Os atos terroristas de ontem (domingo), bem como sua preparação e financiamento não ficarão impunes.”
Carlotti Júnior disse que o mesmo grupo reunido anteontem, em ato convocado na véspera, também foi responsável pela leitura de uma carta em defesa da democracia e do sistema eleitoral em 11 de agosto do ano passado, quando, disse ele, um “golpismo já se ensaiava”.
O Comitê de Defesa da Democracia, que também estava no evento do ano passado, divulgou nota afirmando que “também vem praticando crimes contra o Estado Democrático de Direito aqueles que organizam, financiam ou incitam a tentativa de suprimir nossas instituições democráticas”.
Mário Sarrubbo, procurador-geral de Justiça de São Paulo, disse que, para o Ministério Público paulista, a depredação do patrimônio público foi realizada por “organizações criminosas que estão procurando subverter a ordem democrática e patrocinar um golpe de Estado”.
“Essa é a palavra da instituição. Nosso compromisso é com os deveres que nos foram impostos pela Constituição Federal. Nosso compromisso será com a punição dessa organização criminosa”, disse. A presidente da OAB-SP, Patrícia Vanzolini, defendeu a ação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ela pediu a desmobilização imediata de acampamentos bolsonaristas nas portas dos quartéis. “Agora não há mais como fechar os olhos para o fato de que há ali (nos acampamentos) uma organização terrorista voltada para atos de violência real, física. São atos preparatórios para condutas de violência.” A plateia reagiu diversas vezes às falas das autoridades, com palmas e gritos de “não vai ter golpe”, “vai ter luta” e “sem anistia”.
Paulista
Movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizaram um ato pró-democracia na avenida Paulista, Centro de São Paulo. Duas faixas da via em sete quarteirões, a partir do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram tomadas pela multidão. Os manifestantes pediam punição e também que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos, seja extraditado.
‘Colegas’
Em cumprimento à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, forças de segurança de São Paulo desmobilizaram os 34 acampamentos espalhados pela capital e pelo interior do Estado. Os atos, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, agora sob gestão do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), aconteceram sem prisões, diferentemente do que foi exigido pela Corte Suprema.
À noite, manifestantes pró-democracia reuniram multidões em São Paulo e Rio de Janeiro. O grupo classificou a ação como “atos terroristas contra a democracia” e “tentativa de golpe de Estado”.