O julgamento do usineiro Alexandre Titoto, acusado de matar o analista financeiro Carlos Alberto de Souza Araújo, em fevereiro de 2003, começou nesta quarta-feira, 27 de setembro, no Salão do Júri do Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto, e deve terminar nesta quinta-feira (28). A sessão de ontem teve início por volta das 14 horas e terminou perto das 21h30, sete horas e meia depois.
A juíza Marta Rodrigues Maffeis Moreira, da 1ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto, ouviu oito testemunhas de defesa e acusação. O empresário Alexandre Titoto foi o último a depor. O júri popular será retomado às nove horas da manhã desta quinta-feira. Um dos advogados do réu, Felipe Barbi Scavazzini, deve se manifestar somente após a leitura da sentença. No entanto, o usineiro sempre alegou legítima defesa.
Já o promotor Marcus Túlio Nicolino, do Ministério Público Estadual (MPE), garante que a tese da defesa é fraca. Segundo ele, as circunstâncias do crime e os laudos periciais indicam que Titoto matou Araújo com a ajuda do gerente de lava-rápido Adelir da Silva Mota e depois sepultou a vítima ainda com vida em uma estrada rural. Os dois respondem por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, sem oferecer chance de defesa à vítima e meio cruel.
Carlos Alberto de Souza Araújo trabalhava no Banco Nacional de Paris. Segundo o MPE, Alexandre Titoto e Adelir Mota agrediram e depois enterraram a vítima ainda viva, em propriedade do usineiro na zona rural entre Altinópolis e Serrana. Uma dívida de R$ 620 mil contraída com o banco francês pelo acusado teria motivado a discussão, que culminou com o assassinato.
Adelir da Silva Mota foi preso em novembro de 2014, depois de ser condenado a 18 anos de prisão em regime fechado. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) anulou a sentença em dezembro do ano passado e o réu foi solto. O julgamento de Alexandre Titoto já havia sido adiado por duas vezes em 2016. Em junho, sob alegação que uma testemunha não compareceu na audiência em data estabelecida, a juíza Marta Rodrigues Maffeis Moreira adiou o julgamento.
Em dezembro, quem pediu o adiamento foi o promotor Marcus Túlio Nicolino, em função da anulação da decisão do júri que havia condenado Adelir da Silva Mota, e o entendimento do agente público da acusação que a decisão em poderia “contaminar” o de Alexandre Titoto, em decorrência dos acusados responderem pelos crimes semelhantes.
Titoto chegou a ser preso na época do crime. À Polícia Civil, ele afirmou que fazia aplicações financeiras com Araújo, quando passaram a discutir por causa da venda de um carro importado: a vítima não teria recebido o valor combinado de R$ 405 mil – atualizado em R$ 620 mil. Os dois iniciaram uma briga com agressões físicas e Mota – que prestava serviços para o usineiro Titoto –disse em depoimento que interferiu, agredindo o analista financeiro com socos e com pedaços de uma moldura de quadro do escritório do acusado em um prédio comercial no Jardim Irajá, na Zona Sul.