Por Eliana Silva de Souza
A trajetória de Cadu (Júlio Andrade), personagem principal da série 1 Contra Todos, é de enlouquecer. Um jovem advogado, pai de família, que leva sua vidinha normal, com os problemas de qualquer brasileiro de classe média. Carlos Eduardo é um sujeito correto, que não aceita dar um jeitinho para resolver seus problemas. Aí acontece seu primeiro percalço, ao ser demitido por ser contra as ordens do chefe. E seu mundo cai por terra ao ser preso e confundido com o maior traficante da região, o Dr. do Tráfico. Condenado, terá de ser racional o bastante para sobreviver nesse ambiente.
Assim começou a série 1 Contra Todos, que tem direção do experiente Breno Silveira (2 Filhos de Francisco) e de Daniel Lieff, história baseada em fatos verídicos e com roteiro do próprio Breno e de Thomas Stavros e Gustavo Lipsztein. A série, em exibição no canal Fox Premium 2, chega à quarta e última temporada. Vamos saber, afinal, qual será o desfecho desse homem, que passou por poucas e boas.
Na avaliação do ator Júlio Andrade, na primeira temporada da série, o elenco tinha um material muito bom, por se tratar de uma obra baseada em história real, com o protagonista preso de forma injusta, por um crime que não cometeu. “A gente tentou seguir a história desse cara que sempre está no lugar errado e acaba sempre se dando mal por algum motivo externo, que não tem nada a ver com ele.” E é nessa busca por se salvar que ele acaba se envolvendo em mais confusões.
Após a primeira temporada, na visão do ator, não há mais paralelos com a realidade do personagem. “Vejo que existe uma liberdade de trabalhar sempre no limite entre a vida e a morte. Acho impossível ter alguém que tenha se dado tão mal quanto o Cadu”, reflete, sobre a evolução da trama.
A história se passa no universo da marginalidade, de criminosos frios, com a sombra da injustiça pairando sobre a cabeça de Cadu Portanto, é de se concluir que deve ter sido pesado para o ator encarar esse personagem com tamanha envergadura.
Júlio revela ao jornal O Estado de S. Paulo que para viver o Cadu inspirou-se no fato de sua vida ser distante da realidade do encarceramento. Assim, resolveu encarar a situação como se ela realmente estivesse acontecendo.
“Houve um estranhamento de estar num lugar onde nunca passou pela minha cabeça, com um monte de gente que não conhecia e que passei a conviver. Foi dentro desse ambiente que eu construí o personagem. A sensação era de que tudo acontecia pela primeira vez: o uso de drogas, o confinamento e estar longe da família.”
Mas isso se deu apenas no início da jornada. Nas outras temporadas, segundo Júlio, não houve semelhanças entre ator e personagem “além do fato de se preocupar com a família”.
Mesmo em tramas com fortes doses de emoção, Júlio afirma que não precisa de muito tempo para se desvencilhar de seus personagens. “O ator lida com situações limite. Sofre um desgaste físico que contribui para que fique realmente cansado e absorvido pela cena e pelo personagem. Mas, com o tempo, fui aprendendo a deixar o personagem no set depois do fim da filmagem. Isso para mim hoje em dia é mais fácil de lidar. Eu trabalho com energia, então preparo meu corpo para a energia que determinada cena pede.”
Fora do set, Júlio Andrade reflete sobre as consequências do enfrentamento ao novo coronavírus. Segundo ele, essa “pandemia está servindo para vermos o quão importante é o outro em nossas vidas e como precisamos pensar mais no próximo”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.