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Juíza cita vereador por ‘rachadinha’

ALFREDO RISK/ARQUIVO

A juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, citou o vereador Sér­gio Zerbinato (PSB) para que, dentro de 30 dias contados a partir da citação, se manifeste e conteste as acusações de pro­mover a popular “rachadinha” em seu gabinete, na Câmara. O mandado foi expedido em 14 de janeiro.

Zerbinato é acusado pela ex-assessora parlamentar Iva­nilde Ribeiro Rodrigues de co­mandar, entre janeiro e agosto de 2021, o esquema dentro de seu gabinete. O vereador é alvo também de pedido de cassação protocolado na Câmara por dois munícipes por causa das denún­cias. O Conselho de Ética e De­coro Parlamentar do Legislati­vo também investiga o caso.

A ação judicial de improbi­dade administrativa contra o parlamentar foi proposta pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por meio do promotor Sebastião Sérgio da Silveira. A ação foi distribu­ída para a 2ª Vara da Fazen­da Pública de Ribeirão Preto (processo número 1000452- 61.2022.8.26.0506), sob res­ponsabilidade da juíza Lucile­ne Aparecida Canella de Melo.

A investigação foi aberta em 30 de novembro. O pro­motor afirma em comunicado distribuído à imprensa que “a iniciativa do Ministério Públi­co não induz à presunção de culpa ou de responsabilidade e agora, o réu deverá ser citado, para a instauração do contra­ditório, sendo que ao final, o Poder Judiciário deverá se pro­nunciar à ação proposta”.

No Conselho de Ética da Câmara, o relator do caso é Brando Veiga (Republicanos). As denúncias foram feitas por Rodrigo Leone e Gustavo Martins Fratassi, candidato a vereador na eleição de 2020 pelo Patriota e que teve 225 votos – não foi eleito.

O parlamentar é acusado pela ex-assessora parlamentar Ivanilde Ribeiro Rodrigues de comandar, entre janeiro e agos­to de 2021, o esquema dentro de seu gabinete. A beneficiária seria a irmã do parlamentar, Dalila Zerbinato. A denunciante foi assessora parlamentar direta do vereador, cargo comissiona­do, com salário de R$ 7.973,42.

Deste total, segundo ela, R$ 2 mil eram repassados para a irmã do parlamentar. O acordo teria começado quando a mulher foi nomeada, em 4 de janeiro, e durou até o início de agosto, quando foi exonerada do cargo. Na denúncia, Ivanilde Ribeiro Rodrigues apresentou uma gra­vação em áudio onde ela afirma conversar com Sérgio Zerbinato sobre a devolução de parte dos seus vencimentos.

O desvio de salário de asses­sor é uma prática caracterizada pela transferência de salários dos funcionários para o parlamentar a partir de um acordo pré-es­tabelecido ou como exigência para a contratação. Caso seja condenado, Sérgio Zerbinato perderá o mandato e respon­derá pelo crime de improbida­de administrativa e peculato. Também poderá responder na esfera penal.

Dalila Zerbinato também foi indiciada. Na denúncia o MP reitera que os repasses, apesar de serem feitos para a irmã do ve­reador, acabavam por beneficiar o parlamentar, uma vez que ela sempre o auxiliava nas campanhas eleitorais. A mulher vai responder pelo recebimento ilegal de dinhei­ro dos cofres públicos e, como o irmão, pode ter que devolver o di­nheiro recebido. Ela foi citada em 14 de janeiro e também terá 30 dias pra se manifestar.

Também em 14 de janeiro, a magistrada notificou a prefeitu­ra de Ribeirão Preto e a Câmara para que se manifestem, caso desejem fazer parte da ação. Em nota distribuída à imprensa nes­te início de ano, o vereador disse que as denúncias fazem parte de uma armação política contra ele e que a defesa já foi apresentada.

“As denúncias são parte de uma armação política, encabe­çada por gente que tem interesse direto em minha cadeira na Câ­mara Municipal. Toda a minha defesa já foi apresentada à Câ­mara Municipal e tenho abso­luta convicção de que tudo será esclarecido durante o processo que está em andamento”, diz.

Ministério Público envia documentos à Câmara
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) já enviou, para o Conselho de Ética e Decoro Par­lamentar da Câmara de Ribeirão Preto, cópia de todos os docu­mentos das investigações feitas pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira envolvendo o suposto esquema de “rachadinha” no gabi­nete de Sérgio Zerbinato (PSB).

A documentação foi solicitada ao MP pelo Conselho de Ética para subsidiar as investigações feitas pelo Legislativo. Com 108 páginas, o calhamaço tem, entre outros itens, cópia de um comprovante de depósito bancário feito pela ex-assessora Ivanilde Ribeiro Rodrigues, em 22 de março de 2021, no valor de R$ 1.200, para Jorge Luiz de Andrade. Ele seria cunhado do vereador, marido de Dalila Zerbi­nato, irmã do parlamentar.

O Ministério Público também já ouviu a denunciante, quatro assessores do parlamentar e uma ex-assessora da Câmara, Renata Benedicto. Ela afirmou pelas redes sociais que teria recebido propos­ta de Zerbinato para trabalhar com ele, mas desde que devolvesse parte do salário. Foi assessora do ex-vereador Luciano Mega (então no PDT, hoje no Avante), entre 2017 e 2020.

Agora, na próxima etapa das investigações, o Conselho de Ética vai marcar as datas de depoi­mentos com as dez testemunhas de defesa arroladas por Sérgio Zerbinato, entre elas o deputado federal Ricardo Silva (PSB) e seu pai, o estadual Rafael Silva (PSB), do mesmo partido.

O relator do caso é o vice-pre­sidente do Conselho de Ética, Brando Veiga (Republicanos). O colegiado é presidido por Maurício Vila Abranches (PSDB) e conta ainda com os vereadores Renato Zucoloto (PP), Judeti Zilli (PT, Coletivo Popular) e Luis Antonio França (PSB).

O Conselho de Ética tem prazo máximo de 90 dias para concluir as investigações contra o verea­dor, contados a partir da data da notificação. Como Zerbinato foi notificado em 16 de dezembro do ano passado, o prazo vence em 16 de março.

“Tenho plena segurança da licitude de minhas ações e minha defesa provará isso no processo”, garante a vereadora Duda Hidalgo

Caso Duda Hidalgo
Na próxima semana, o Con­selho de Ética deverá iniciar as oitivas com as nove teste­munhas de defesa arroladas pela vereadora Duda Hidalgo (PT). O relator do caso é Renato Zucoloto (PP). A parlamentar é acusada pelo munícipe Nilton Antonio Custódio de ter usado o veículo oficial a que tem direito – um Renault Fluence (placas EHE 3406) – para participar de eventos particulares e partidários em outras cidades do Estado.

De acordo com as denúncias, o veículo teria sido visto entre os dias 14 e 21 no mês de setem­bro nas cidades de Jundiaí, Sorocaba, Mauá, Diadema e São Bernardo do Campo. Nos documentos protocolados o denunciante teria anexado cópia da planilha de deslocamento do veículo da parlamentar, nos referidos dias, assinada por ela e que comprovaria o deslocamen­to para estes locais.

As concessionárias de rodo­vias da região destas cidades informaram ao Conselho de Ética que não têm imagens para confirmar se o veículo da vere­adora teria passado por estes locais. A Câmara ainda aguarda a manifestação do Sistema Detecta da Polícia Militar para saber se o carro oficial aparece nas gravações. O monitoramen­to é feito nas entradas e saídas de várias cidades paulistas.

O prazo máximo para con­clusão pelo Conselho de Ética das investigações é de 90 dias contados da data da notificação. No caso de Duda Hidalgo, noti­ficada no dia 25 de novembro, a conclusão tem que ser feita até 22 de fevereiro. O denunciante foi candidato a vereador pelo PTB nas eleições municipais do ano passado e teve 147 votos.

Em nota, a vereadora já negou a utilização indevida do carro. “Tenho plena segurança da licitude de minhas ações e minha defesa provará isso no processo. Ressalto que não serei intimidada e seguirei atuando como sempre atuei: um mandato combativo a serviço do povo ribeirão-pretano”, disse Duda Hidalgo.

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