Tribuna Ribeirão
Política

Juiz se diz incompetente para julgar ação do MPE

JF PIMENTA/ ARQUIVO TRIBUNA

O Tribuna apurou que o juiz da Vara da Infância e da Juven­tude de Ribeirão Preto, Paulo Cesar Gentile, declinou-se de analisar a ação civil pública, com pedido de tutela antecipada (li­minar), que pede a interdição do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Antonio Palocci, localizado no Jardim José Sampaio Júnior, na Zona Norte da cidade.

O magistrado argumenta que o caso extrapola a compe­tência da Vara da Infância e da Juventude. No final da tarde de quarta-feira, 3 de abril, a ação foi redistribuída para a Vara da Fa­zenda Pública de Ribeirão Preto. O argumento apresentado para a desistência é de que a ação não envolve apenas diretos relacio­nados a crianças e adolescentes, mas também teria como objeto os interesses difusos da coletivi­dade e de professores e funcio­nários da escola.

Na decisão, o magistrado cita que “no presente caso, ape­sar de o pedido ter como causa de pedir, dentre outras, assegu­rar a segurança e a integridade física de crianças e adolescen­tes, o objeto da ação, além de não envolver situação de risco decorrente da peculiar condi­ção de criança e adolescente, é mais amplo e envolve interesse difuso de toda a coletividade, envolvendo a ordem urba­nística e a segurança de um número indeterminado de pes­soas, não havendo que se falar, assim, em competência da Vara da Infância e Juventude para o julgamento da lide. Determino: a remessa do presente a uma das Varas da Fazenda Pública”.

Com a decisão, que ainda será distribuída para um dos quatro juízes das duas Varas da Fazenda Pública, o julgamen­to do pedido de liminar deverá levar mais tempo para ser ana­lisado por causa dos trâmites judiciais. A Promotoria da Educação tem dois caminhos a seguir. O primeiro é recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) e solicitar que a redistribuição seja revista. O segundo é aguardar a decisão da Vara da Fazenda. O Tribuna não conseguiu localizar o pro­motor Naul Felca, autor da ação.

O pedido de interdição do Caic, protocolado em 26 de março, foi necessário por causa da “inércia da prefeitura em re­solver os graves problemas es­truturais na parte elétrica detec­tados naquela unidade escolar”, disse o promotor á época. Entre eles, de acordo com o represen­tante do Ministério Público Es­tadual (MPE), estão quadros de energia elétrica danificados, fios elétricos desencapados, inexis­tência de para-raio e sobrecar­ga em todo sistema de energia causado pelo excesso de equipa­mentos elétricos instalados no local sem a readequação da rede – 42 aparelhos de ar-condicio­nado, por exemplo. Ele diz que vários desses problemas podem causar curto-circuito e incêndio.

Em setembro do ano pas­sado, em ação semelhante, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Domingos Angerami, no bairro Ribeirão Verde, na Zona Leste, foi interditada por causa da pre­cariedade das instalações elétri­cas do prédio onde funcionava. Na época, o juiz Paulo Cesar Gentile apontou a existência de gravíssima situação de ris­co de incêndio no local. Com a interdição, os 400 alunos da­quela unidade foram transferi­dos para uma unidade escolar desativada do Sesi, no bairro Campos Elíseos.

Naul Felca ressalta que, no Caic Antonio Palocci, os proble­mas teriam aumentado ao lon­go dos anos pela instalação de equipamentos elétricos sem que houvesse o redimensionamen­to da rede de energia para que ela não tivesse uma sobrecarga. Atualmente, segundo o MPE, a escola tem 42 aparelhos de ar-condicionado. A escola tem 812 alunos do ensino funda­mental. A Secretaria Munici­pal da Educação informa que não recebeu nenhuma notifica­ção oficial a respeito do pedido de interdição. Quando for inti­mada tomará as providências que entender necessárias.

A prefeitura de Ribeirão Pre­to informou na terça-feira (2) que já foram tomadas medidas emergenciais, por meio de visi­tas técnicas, para elaboração de diagnóstico da situação do Caic Antonio Palocci. Segundo a Secretaria Municipal da Educa­ção, os envelopes dos processos licitatórios para adequações nas escolas municipais serão aber­tos na próxima segunda e ter­ça-feira, dias 8 e 9 de abril. Serão investidos R$ 3,7 milhões em adequações elétricas e hidráu­licas e mais R$ 9,76 milhões na manutenção geral das unidades, totalizando R$ 13,46 milhões.

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