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Juiz decreta a prisão preventiva de hackers

A Justiça Federal do Distrito Federal decidiu que os suspeitos de hackear autoridades devem permanecer presos por tempo indefinido. A prisão preven­tiva foi determinada pelo juiz Ricardo Leite na noite desta quinta-feira, 1º de agosto, no limite do prazo para a prisão temporária, que já havia sido prorrogada na sexta-feira (26) pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília (DF). A decisão foi tomada a pe­dido da Polícia Federal.

Continuarão presos o supos­to líder do grupo, Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, de 30 anos, o motorista Danilo Cristiano Mar­ques, de 36 anos, o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, e a namorada dele, Suelen Priscila de Oliveira, de 25. Todos são sus­peitos de hackear o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, o presidente Jair Bolso­naro (PSL) e outras autoridades – são cerca de mil pessoas no total, entre empresários, jornalistas e autoridades dos três Poderes.

“Vermelho” foi preso no Edi­fício Premium, na avenida Leão XIII, no bairro da Ribeirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto. O apartamento foi alugado por Marques, suspeito de ser o testa de ferro do amigo – todos são de Araraquara, onde o motorista foi preso. O casal foi detido em São Paulo. Ricardo Leite assu­miu a 10ª Vara Federal nesta quinta-feira após voltar das férias. As decisões até a véspera haviam sido tomadas por Vallisney Olivei­ra, em substituição.

Na sequência da investigação, a PF busca identificar pagamentos ao grupo, supostamente liderado por “Vermelho”. Na residência do “DJ Guga”, os federais apreende­ram R$ 99 mil em dinheiro vivo. Os policiais federais rastreiam movimentações bancárias e em criptomoedas dos investigados. Delgatti Neto confessou à Polí­cia Federal que hackeou Moro e Dallagnol e centenas de procura­dores, juízes e delegados federais, além de jornalistas. Ele acumula processos por estelionato, falsifica­ção de documentos e furto.

Desde junho, Moro é alvo de divulgação de supostos diálogos a ele atribuídos com o procura­dor, pelo site The Intercept. O site afirmou que recebeu de fonte anô­nima o material, mas não revelou a origem. Delgatti Neto disse que chegou ao site via Manuela D’Ávi­la, ex-deputada (PCdoB/RS), que foi candidata a vice do petista Fer­nando Haddad na campanha pre­sidencial em 2018.

O advogado de defesa de Gus­tavo e Suelen, Ariosvaldo Moreira, não concorda com a decisão e vai entrar com novo recurso. Ele ale­ga que seus clientes são inocentes. Marques é representado por uma defensora pública de Brasília que ainda não teve acesso à sentença. Walter Delgatti Neto confessou ser o responsável pelo acesso aos celulares das autoridades.

Enquanto isso, a investigação avança tentando identificar se houve pagamento pelo material hackeado e tentando rastrear as movimentações bancárias e em criptomoedas dos investigados. Os peritos também continuam analisando o conteúdo apreendi­do e aparelhos celulares e disposi­tivos eletrônicos dos alvos. O ad­vogado de defesa de Delgatti, Luiz Gustavo Delgado, não comentou as declarações, mas já disse an­teriormente que seu cliente tem problemas psiquiátricos e que ele hackeou autoridades para provar a fragilidade do sistema de segu­rança de dados.

Os quatro são alvos da Ope­ração Spoofing – foram presos no dia 23 de julho em Ribeirão Preto, Araraquara e São Paulo. Na segunda-feira (29), a pedido da Polícia Federal, o MPF pror­rogou por 90 dias as investiga­ções sobre a ação de hackers. A prorrogação sem aval da Justiça Federal foi possível porque o pedido da PF ao MPF foi feito antes da prisão dos quatro inves­tigados por invasão de telefones de autoridades, no dia 23.

Ribeirão Preto
Uma imagem da tela do ce­lular de “Vermelho” indica que ele pode ter hackeado os celulares de políticos de Ribeirão Preto. As vítimas seriam o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), o depu­tado federal e líder do MDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi, e o deputado estadual Léo Oliveira (MDB), usuários do aplicativo Telegram.

Inicialmente, os quatro pre­sos são investigados pelos crimes de associação criminosa, invasão de dispositivos informáticos e interceptações telefônicas. Caso também sejam enquadrados na Lei de Segurança Nacional, como defendem integrantes do Planalto, a punição pode chegar a 15 anos de prisão.

Na lista de “Vermelho” estão ainda os presidentes da Câma­ra, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM -AP), além do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A lista de autorida­des alvo do grupo também inclui o presidente do Superior Tribu­nal de Justiça (STJ), José Otávio Noronha. O senador Cid Go­mes (PDT-CE) também foi alvo de Walter Delgatti.

Além deles, a procuradora-geral da República, Raquel Do­dge, e pelo menos 25 membros do Ministério Público Federal. Ainda há o ministro Paulo Gue­des, da Economia, e a líder do governo Bolsonaro no Congres­so, Joice Hasselmann (PSL-SP). Nem todas as vítimas foram identificadas. Segundo a Polícia Federal, a ofensiva revela a vul­nerabilidade da comunicação na cúpula dos três Poderes.

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