Falta de equipamentos, de estrutura, de apoio, de patrocinadores e uma série de itens que fazem parte da rotina diária de milhares atletas brasileiros, sejam eles amadores ou profissionais. Para o jovem ribeirão -pretano Gabriel Leonardo da Silva, de 15 anos, não é diferente. Treinando apenas uma vez por semana, em um projeto social, Gabriel já ganhou medalhas e se destaca entre os da sua idade. Mas foi impedido de participar de um torneio regional por um fato pitoresco: o quimono, que ganhou quando começou a praticar judô, além de velho, não servia mais. A mãe dele pediu ajuda a parentes pelo WhatsApp e alguém da família passou para outra pessoa. A mensagem se espalhou. Gabriel tem a promessa de ganhar mais de um quimono e a mãe vai distribuir os demais, se chegarem, para outros atletas carentes do projeto.
“Se vc conhecer alguma empresa ou pessoas que patrocinam esportes .Esse é meu filho Gabriel Leonardo ele luta judô sub 18 . As medalhas no peito dele são as de ouro da mão esquerda Prata e da mão direita medalhas de festivais. Ontem 06/08/2018 ele ganhou a medalha de Ouro do festival de Judô de Ribeirão Preto .Ele precisa de um Patrocínio para os próximos campeonatos se vc conhecer alguem indique ele por favor obrigada…Compartilha ai pra mim por favor ver se ele consegue patrocínio . Ontem ele usou quimono emprestado pq na copa ele foi desclassificado pq o quimono dele ta pequeno e o sensei quer que ele seja federado para ir por Ribeirão”. Não se atente aos pequenos erros e abreviações da mensagem acima. Pois foi ela que foi capaz de realizar uma pequena transformação e chegou à Federação Paulista de Judô.
“Eu recebi uma ligação da Federação, do meu sansei, perguntando se o Gabriel era meu aluno. Respondi que sim. Ele me falou que viu a mensagem. Expliquei a situação. A mãe do Gabriel, a dona Neya, fez o que o coração de uma mãe faria. A repercussão foi positiva, pois todo o apoio é bem vindo”, disse o professor de judô, Paulo Fontana, que desenvolve dois projetos sociais em escolas da periferia de Ribeirão Preto. Um deles é o Caminho Suave, em que Gabriel participa. “O judô é uma palavra japonesa e caminho suave é sua tradução”, explica Fontana.
“Então, a gente tem algumas pessoas que prometeram pelo Facebook e retornaram pelo whatsapp, mas ninguém entregou ainda. Claro que se me derem mais de um vou ajudar o sansei Paulo e o projeto. É lindo o trabalho dele”, diz Neya da Silva, mãe de Gabriel.
Mais sobre o projeto
Fontana explica que o projeto dele faz parte de um projeto social maior que é aplicado nas escolas públicas da cidade. “Ele nasceu da necessidade que a escola tinha em função da disciplina que alguns alunos adquiriram em um outro projeto, o ‘Novo Mais Educação’, que visa auxiliar o aluno com dificuldade em matemática e português aliado ao judô, dança, capoeira, xadrez e etc. Eu desenvolvi o novo projeto depois que, observamos que enquanto o aluno estava praticando judô, no Novo Mais Educação, que contempla do 3° ano ao 6° ano somente, ele tinha o comportamento e disciplina exemplar e depois que deixava de praticar o judô a partir do 7° ano tínhamos reincidência de ocorrência com mal comportamento e indisciplina. Dei sequência apenas, de forma voluntária”, explica.
“O projeto mudou a vida do Gabriel. Ele está muito responsável. Aumentou muito o respeito comigo e com outras pessoas, ele me dava trabalho na escola, dava trabalho porque ele queria fica na rua e eu não deixava. Ele mudou da água para o vinho. Faz todas as obrigações dele. Faz todas as lições, parece outra pessoa”, conta Neya da Silva.
Sem dinheiro para competir
Gabriel e outros alunos só treinam uma hora por semana em uma única aula. Fontana disse que o desempenho dele e de outros poderia ser melhor se tivessem um acompanhamento mais técnico em treinos nas academias. “Temos dois casos que os pais conseguiram de alguma maneira matricular as crianças em uma academia. Eles estão se destacando”, diz Fontana. Mas, segundo ele, a realidade não cabe no bolso de todos das demais famílias.
Gabriel é uma dessas realidades. “Eu não tenho dinheiro para fazer inscrições nos campeonatos nem investir para treinar mais. Só temos aula uma vez na semana. Se conseguisse treinar mais vezes, tenho certeza que estaria até melhor”, almeja. O jovem contou detalhes da competição que foi impedido por conta do quimono pequeno. “Foi na 25° Copa Corpore Sano. Eu cresci e meu quimono que é o mesmo desde que eu comecei, está pequeno. Ai ficou fora das medidas e eu não tive como participar. Meus amigos do projeto estão também com o mesmo problema. Se não conseguirmos, não vamos mais conseguir lutar e teremos que parar”, desabafa o menino.
Quem quiser colaborar com Gabriel, mais informações pelo WhatsApp da mãe dele (16) 99355-5033.