Controlar a ansiedade durante o isolamento social se tornou um grande desafio em meio às incertezas e inseguranças causadas pela pandemia do novo coronavírus. No caso de crianças e adolescentes, a situação pode ser ainda pouco pior. A perda da rotina, o fechamento de escolas e shoppings, o cancelamento de provas e o isolamento social podem causar algum impacto negativo nos jovens.
De acordo com o psicólogo Marcelo Filipecki, familiares e responsáveis devem ficar atentos aos sintomas típicos da depressão, principalmente, neste momento. Caso o jovem apresente sensação de inutilidade, perda de interesses e prazeres, dificuldade de concentração e sono perturbado, é preciso recorrer a um tratamento psicoterápico e, por vezes, medicamentos.
Caso contrário, se o estudante estiver apenas com dificuldade em retomar à rotina de estudos, Filipecki alerta para a necessidade de traçar estratégias com o auxílio de um profissional.
“Os estudantes devem perceber se tais dificuldades (em relação aos estudos) se relacionam às situações como problemas com cumprimento de rotinas. É muito importante, pelo menos, tentar reproduzir, de modo mais próximo possível, em termos funcionais, a rotina anterior a esse período de isolamento”, disse.
Produtividade na quarentena
O psicólogo explica, ainda, que a noção de produtividade é muito relativa, variando de acordo com critérios e requisitos do próprio indivíduo.
Aos jovens que se comparam com outros e acreditam não estarem sendo produtivos durante o isolamento social, Filipecki alerta para as seguintes análises: se os critérios não estão sendo idealizados demais; se o indivíduo está se organizando para isso; e se o que ele entende por produtividade é possível na prática, neste momento.
“É preciso perceber e avaliar se o que deseja produzir é, para si mesma, estimulante e recompensadora, em curto, médio e longo prazo. Se chegar à conclusão positiva, exercitar permanente capacidade de reelaboração de estratégias até que consiga atingir a produtividade desejada”, ressalta.
Pensamento positivo
Sobre pensamentos e atitudes positivas, o psicológico afirma que “são sempre bons aliados na vida”. No entanto, ele ressalta que estes sentimentos devem vir pautados em uma noção realista de mundo.
“Se mantendo realistas, é possível entender e atuar de modo saudável, construtivo e funcional sobre quaisquer realidades vividas. A mensagem mais importante é: sensíveis que estão, usem seus sentimentos e percepções para identificar e compreender as mudanças que estão ocorrendo e, ainda, ocorrerão no mundo”, finalizou.
Atividades físicas
Além disso, um estudo da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da Universidade de São Paulo – USP ressalta que manter a prática de atividades físicas pode auxiliar neste período de isolamento social.
O estudo foi realizado em parceria com professores e universidades de países da América Latina e Europa, e mostra que um estilo de vida mais saudável pode fazer com que a ansiedade e o estresse sejam suportados.
A pesquisa esclarece que pessoas que eram ativas fisicamente antes da pandemia têm apresentado respostas psicológicas mais leves em relação à ansiedade, estresse e estado de humor.