O final de semana no Teatro Minaz vai ser uma brasa, mora? Neste sábado, 16 de março, às 20h30, e no domingo (17), às 19 horas, o espaço será o palco do espetáculo “Jovem Guarda”, que vai relembrar o repertório do movimento cultural brasileiro da década de 1960 que teve como carro-chefe o programa televisivo homônimo apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.
Com arranjos vocais e solos, o espetáculo terá no palco um octeto vocal e banda com metais alternando canções em solos e arranjos vocais além de muita cor, luz e movimento. Os ingressos para ambos os setores (A e B) custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). O telefone para mais informações é o (16) 3941-2722. O local tem capacidade para 260 pessoas. Fica na rua Carlos Chagas nº 273, Jardim Paulista. O espetáculo não tem classificação por idade.
O programa “Jovem Guarda” foi uma criação da agência de propaganda Magaldi, Maia e Prosperi para a grade de programação da TV Record. A demanda veio com a proibição das transmissões ao vivo das partidas de futebol aos domingos. A inspiração dos idealizadores veio de uma frase do revolucionário russo Vladimir Lenin, em que dizia: “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada”. Eles vincularam a expressão com a imagem dos então emergentes cantores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.
Auge e fim
Amparado por gravadoras e campanhas publicitárias, rapidamente o movimento repercutiu em termos de vantagens e de popularização dos seus ídolos. Fenômeno de audiência, o programa de auditório levava ao Teatro Record centenas de jovens, atraídos pelo trio Roberto-Erasmo-Wanderléa, além de artistas convidados.
No ápice da sua popularidade, chegou a atingir três milhões de espectadores só em São Paulo – fora as cidades para onde chegava em videotape, como as capitais Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). Mais do que um fenômeno televisivo, o “Jovem Guarda” impulsionou o lançamento de discos, roupas e diversos acessórios.
Todo um comportamento jovem daquele período foi formatado a partir do programa e seus apresentadores. O modo de se vestir (calças colantes de duas cores em formato boca-de-sino, cintos e botinhas coloridas, minissaia com botas de cano alto) virou moda.
Surgiram também as gírias e expressões como “broto”, “carango”, “legal”, “coroa”, “barra limpa”, “lelé da cuca”, “mancada”, “pão”, “papo firme”, “maninha”, “pinta”, “pra frente” e a clássica “é uma brasa, mora?”, que viraram referência para muitos adolescentes do período.
No final de 1968, Roberto Carlos deixou o programa de auditório. Sem seu principal ídolo, a TV Record retirou o programa do ar. Desta maneira, o movimento como um todo perdeu força, até que desapareceu no final da década de 1960.
Demétrius
Morreu na última segunda-feira (11), aos 76 anos, o cantor e compositor Demétrius, ídolo da Jovem Guarda, conhecido pela música “O ritmo da chuva”. Ele sofreu uma parada cardíaca no Hospital São Paulo, de acordo com a família. Demétrius era o nome artístico de Demétrio Zahra Neto. Ele nasceu em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 1942. Deixou 13 álbuns gravados.