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Jovem de Ribeirão Preto é promessa do tênis brasileiro 

Maria Fernanda Lopes, de 14 anos, vem de um 2024 de conquistas, viagens e desafios 

Maria Fernanda Lopes, de 14 anos, vem de um 2024 de conquistas, viagens e desafios (Arquivo Pessoal)

Por Hugo Luque 

Mafê, Fefê ou MF. Na família, são vários os apelidos carinhosos, mas para o mundo do tênis, o nome que promete ganhar vez mais projeção é o formal: Maria Fernanda Lopes. Aos 14 anos, a atleta ribeirão-pretana vive ascensão na carreira e enfrenta os diversos desafios impostos a alguém que busca troféus e boas notas na escola. Não é fácil, mas a garota faz “hora extra” para poder fazer o que ama. 

“Como atleta e estudante, o processo fica mais desafiador para conciliar. Quando viajo, me esforço e me comprometo a fazer aulas particulares e atividades para quando retornar, ficar mais fácil para recuperar o que perdi. Faço provas substitutivas, atividades e aulas para aprender as novas matérias e reforçar o que estudei nas viagens”, conta Maria Fernanda, que também recebe suporte incondicional em casa. 

“Desde sempre, recebi muito apoio e ajuda de toda a minha família em viagens e no dia a dia. Só tenho a agradecer. Meu pai me acompanhou em todos os campeonatos que já disputei”, acrescenta. 

O investimento tem dado resultado. Em 2024, a representante de Ribeirão Preto viveu uma temporada mágica e uma ascensão meteórica. No ranking mundial sub-18, ela subiu mais de 2 mil posições e, atualmente, é a número 1.114, além de ocupar o top-15 entre os brasileiros. Isso tudo com apenas 14 anos. Em sua categoria de fato, é uma das cinco melhores do país. 

Pai da jovem promessa, Fábio Lopes explica que, na visão dele e da esposa, Carolina, o esporte é um complemento da educação tradicional – tanto para Maria Fernanda quanto para, Maria Victória, filha que pratica balé. 

“Qualquer atividade levada a sério, que tenha um processo competitivo, a gente acredita muito que é um processo de educação. É um complemento e uma parte muito importante na formação do caráter e da pessoa.” 

Por isso, embora tenha de faltar mais vezes do que o comum por conta do calendário apertado de treinos e competições, a tenista continua no colégio. 

“Ela, na nossa visão, não pode deixar a escola de lado. É muito comum as meninas e os meninos largarem a escola presencial e ficarem só na on-line. No nosso caso, ela não largou e a gente não pretende que ela largue nesses próximos anos. Deve ser um complemento da escola.” 

É um processo 

A palavra “processo” é presença constante ao longo da entrevista com a família Lopes. Mas nunca é utilizada em vão. Tanto os pais como a própria Maria Fernanda entendem que, para chegar onde ela quer, é preciso ter paciência e, acima de tudo, saber lidar com os obstáculos que surgem no caminho. 

“O tênis, além de ser competitivo, um esporte individual, traz mais desafios ainda para ela. Tem muito essa questão da frustração, de saber lidar com a derrota, com perdas, com dedicação, por ter de treinar todos os dias, além da resiliência de aguentar dias de dor. Não é uma semana, não são duas semanas [de sacrifício]… quando a gente olha, são duas semanas de férias no ano. Ela treina 320 dias, sexta, sábado e domingo, compete. Tem um processo de se dedicar para uma coisa, se frustrar e também, quando consegue bons resultados, é uma consequência do trabalho”, diz Fábio. 

Contudo, as frustrações ficam pequenas quando comparadas às vitórias no último ano. Ao longo de 2024, Maria Fernanda conquistou seis títulos, dentro e fora do Brasil. Entre eles, destacam-se torneios oficiais da Federação Internacional de Tênis (ITF), com direito ao posto mais alto do pódio em uma competição com tenistas de até 18 anos, em Serra Negra (SP). 

“A minha melhor recordação desse ano foram minhas conquistas dentro e fora da quadra, em aspectos de treinos, torneios e na escola, onde me foram apesentados muitos momentos difíceis e desafiadores”, conta a atleta, que ainda foi vice-campeã em outros três dos 25 campeonatos disputados. 

Além das medalhas, Maria tem acumulado quilômetros percorridos e carimbos em seu passaporte. No ano passado, treinou e disputou torneios na Europa, em países como França, Itália e Espanha, potências do tênis mundial. 

“As maiores dificuldades de ser uma jovem atleta são conciliar os estudos com o esporte de alto rendimento e abdicar meu tempo da minha vida social para treinos e viagens”, comenta. 

“Ano passado, comecei a disputar torneios de até 18 anos da ITF. Conquistei três títulos de duplas e bons resultados em simples, e tive a oportunidade de jogar com meninas mais velhas e de alto nível. Algumas tinham mais maturidade por causa da idade e da quantidade de torneios disputados.” 

Segundo Fábio, Maria Fernanda começou a brincar com a raquete aos quatro anos. Aos sete, passou a competir em Ribeirão. Mas a cidade ficou pequena para tamanho talento. Nos anos seguintes, ela desbravou outros cantos do Brasil e expandiu seu jogo para o resto do mundo. 

“Meus pais me colocaram no esporte desde cedo. Comecei na natação e, aos quatro anos, me colocaram no tênis. Sempre gostei e me senti bem. (…) Gostaria de citar uma pessoa que me apoiou e ajudou a começar no tênis, que foi o Daniel, técnico que me acompanhou dos 4 aos 11 anos. A partir de então, comecei um novo ciclo de treinamento no CFTRP (Centro de Formação e Treinamento de Tênis Ribeirão Preto) com o Haroldo [Zwetsch Junior] e o Gesner [Menegucci]”, detalha a atleta. 

Agora, com cada vez mais conquistas, chegam também os holofotes. Mas ela garante estar preparada, já que trabalha desde muito cedo o aspecto psicológico do crescimento dentro do tênis. 

“Eu acredito que lido bem com a minha exposição. Creio que isso tem de existir, mas sempre foco em mim e no presente, não colocando muito peso em cima de mim, deixando o processo mais leve.” 

Crescimento da modalidade 

Já tradicional no Brasil e repleto de grandes nomes, como Guga e Maria Esther Bueno, o tênis tem voltado a ganhar destaque no país. Em dezembro, João Fonseca, de 18 anos, conquistou o Next Gen ATP Finals. No feminino, Bia Haddad Maia, atual número 16 do mundo, também é destaque e inspiração para a ribeirão-pretana. 

“Além de ser brasileira e ter conseguido chegar ao topo, ela transmite muita determinação, foco no processo e muita humildade”, destaca Maria Fernanda, que busca seguir os passos da compatriota. 

“Meu maior sonho é ser uma grande jogadora de tênis e jogar torneios de alto nível com grandes jogadoras. Quero participar de Grand Slams e me tornar uma pessoa bem-sucedida.” 

O caminho é duro, mas o apoio é incondicional. Na última temporada, Maria Fernanda passou 26 semanas na estrada para competir. Mesmo assim, ela tem obtido sucesso nas quadras – sobretudo no saibro, seu terreno favorito – e dentro da sala de aula. Desta forma, a jovem passa tranquilidade à família enquanto luta por seus sonhos, cada vez mais ambiciosos, porém palpáveis. 

“É um processo de bastante dedicação, principalmente dela, e de abrir mão de muitas outras coisas. Mas a gente enxerga isso não mirando para que ela se torne uma atleta profissional. Tenho muito claro que o que estamos fazendo é a formação da pessoa”, completa Fábio. 

 

 

 

 

 

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