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Jovem baleado em estacionamento tem morte cerebral

Vítima de 22 anos foi alvejada por engano após briga envolvendo um manobrista e um cliente do estabelecimento; família deve doar órgãos

Ruan teve morte cerebral confirmada no dia 4 de julho (Foto: Redes Sociais)

Por: Adalberto Luque

A família de Ruan César de Godói, de 22 anos, ferido em um tiroteio ocorrido na madrugada de domingo (2) informou, na noite de terça-feira (4), que os médicos confirmaram sua morte cerebral. O jovem estava internado no Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE) desde que foi socorrido no local do tiroteio.

Ruan havia trabalhado em uma casa de shows na região do estacionamento. Era ajudante de uma banda que havia se apresentado. Estava no estacionamento esperando para apanhar seu veículo depois de pagar pela estadia, quando levou um tiro na cabeça.

De acordo com familiares, ele não chegou a ser operado porque os médicos consideravam seu estado muito crítico e aguardavam para ver se iria ocorrer uma melhora, pois a cirurgia era delicada. Seu quadro, todavia, evoluiu para a morte cerebral. A família deve doar os órgãos de Ruan.

Homem chegou atirando e Ruan, que estava no portão apenas aguardando seu veículo, foi atingido na cabeça (Foto: Reprodução)

O crime

Por volta de 03h30 da madrugada do domingo, um funcionário do estacionamento na Avenida Jerônimo Gonçalves, Centro, se desentendeu com dois clientes por causa do pagamento do tíquete. Dois homens entraram em luta corporal. O manobrista estava de camiseta e boné pretos.

Depois da briga, os dois que haviam parado o carro no local vão embora. O homem que brigou teria voltado às 03h51, quando Ruan estava no portão do estacionamento. O jovem também usava camiseta e boné pretos. Uma motocicleta para na porta, o garupa desce com o capacete e empunhando uma arma e dispara várias vezes.

O manobrista usava camiseta e boné pretos, como a vítima estava vestida (Foto: Reporodução)

O primeiro tiro atinge Ruan na cabeça. Outros dois homens escapam ilesos. O atirador sobe na moto e vai embora. O caso é registrado como homicídio tentado com erro de execução, isto é, quando o autor atinge outra pessoa por engano.

Imediatamente, a Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais entra no caso. Na segunda-feira (3) o autor dos disparos, de 41 anos, é levado para a delegacia e presta depoimento. Segundo seu advogado, o homem estaria arrependido e teria dito que sua intenção era apenas “dar um susto” na pessoa que o agrediu. Também pediu desculpas ao jovem baleado e à família da vítima.

Ele indicou onde havia jogado a arma: um bueiro nos Campos Elíseos. O advogado explicou que a arma seria herança de família e estaria legalizada. A arma foi encaminhada para o Instituto de Criminalística, que realizou a perícia no local dos disparos e vai analisar o artefato.

Dois homens trocaram socos e chutes no estacionamento 20 minutos antes do disparo que causou a morte do jovem que não teve envolvimento com a confusão (Foto: Reprodução)

Após depoimento, o autor confesso foi liberado. Porém, o delegado responsável pelo caso, Rodolfo Latif Sebba, disse que iria pedir sua prisão preventiva.

Na terça-feira (4), o homem que pilotava a motocicleta foi ouvido pelo delegado. Ele disse que teria sido ameaçado pelo atirador, caso não o levasse ao estacionamento. Relatou que tentou demovê-lo da ideia, mas que o amigo o tranquilizou, dizendo que queria apenas dar um susto nos funcionários.

Quando tudo aconteceu, foi ameaçado novamente para fugir do local. O condutor da motocicleta também disse ao delegado que o autor dos disparos tentou combinar o depoimento com ele para não haver contradições, mas ele não teria aceitado.

Segundo a Polícia Civil, o piloto da moto é um ex-policial penal e atualmente funcionário de uma autarquia pública de Ribeirão Preto. Ele já foi preso por porte de arma anteriormente e chegou a ser condenado. O delegado vai avaliar sua participação. Ele também pode ser indiciado como cúmplice na morte do jovem.

Com a morte cerebral de Ruan informada, o caso deve mudar de homicídio tentado para homicídio doloso com qualificações, mantendo o erro de execução.

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