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Josué Gomes perde presidência da Fiesp

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A maioria dos sindicatos presentes na assembleia re­alizada na segunda-feira, 16 de janeiro, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) não aceitou as explicações de Josué Gomes, presidente da entidade. O exe­cutivo optou por encerrar a as­sembleia antes do fim. Mesmo assim, foi destituído do cargo pela maioria, algo inédito na história da organização.

A destituição de Josué foi aprovada por 47 votos a 1. Houve ainda duas abstenções. O resultado da votação ainda terá de ser registrado em cartó­rio. A expectativa é que o pre­sidente destituído recorra da decisão na Justiça. Agora, o vi­ce-presidente mais velho deve assumir o comando da Fiesp até uma nova eleição. Os no­mes mais cotados para coman­dar a entidade são os de Rafael Cervone Netto, Dan Ioschpe e Marcelo Campos Ometto.

Marcado por uma grande tensão, o encontro foi definido pelo próprio Josué Gomes em dezembro, como uma respos­ta a um grupo de sindicatos patronais que havia marcado uma assembleia com o obje­tivo de tirá-lo do cargo para o mesmo dia. O executivo foi questionado em 16 pontos, sobre suas viagens e reuniões realizadas em Brasília, além do manifesto em favor da de­mocracia divulgado pela Fiesp, sem o consentimento de toda a entidade, entre outros temas.

Nos últimos meses, a Fiesp enfrenta uma intensa disputa política. Josué Gomes passou a ser acusado de ser distante da entidade e dos pleitos de interesse setorial, o que deu munição para que os sindica­tos considerados menores pas­sassem a pressionar pela saída do executivo. Parte da Fiesp enxergou o manifesto a favor da democracia como um desa­gravo da entidade ao governo Jair Bolsonaro (PL).

Josué Gomes é filho de José Alencar, morto em 2011, que foi vice-presidente nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro começou pouco de­pois das 14h50. Estava previs­to para as 14h, mas houve um atraso por causa do almoço realizado entre Josué Gomes e o vice-presidente e minis­tro do Desenvolvimento, In­dústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Os votos dos delegados começaram por volta das 18h50.

Josué optou por deixar a assembleia antes do fim. Antes da votação da sua destituição, as explicações do executivo foram rejeitadas por mais de 60 votos entre os 90 delega­dos presentes. Herdeiro da Coteminas, Josué assumiu o comando da Fiesp no ano pas­sado e encerrou quase 18 anos de Paulo Skaf na presidência da entidade. Próximo a Bol­sonaro, Skaf tem sido um dos principais críticos da atual ges­tão da organização.

Josué Gomes chegou a ser chamado pelo presidente Lula para ser ministro do Desenvol­vimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convi­te, sob o argumento de que não poderia assumir o cargo como um “derrotado” na Fiesp. O empresário alegou que, se fi­zesse isso, pareceria um “refu­giado” dentro do governo.

Responsável pela defesa de Josué Gomes, o advogado Mi­guel Reale Júnior chamou de “golpe” com “letras garrafais” a decisão de destituir o empre­sário da presidência da Fiesp. Ele também afirmou que “não faltam” argumentos para que o executivo questione na Justiça a assembleia que votou por de­finir o seu futuro na entidade.

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