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JORNALISTA E HISTORIADOR – Nicola Tornatore morre aos 52 anos

Morreu na madrugada des­ta sexta-feira, 15 de junho, o jornalista e historiador Nicola Tornatore, aos 52 anos de ida­de, editor do caderno “Política” deste Tribuna desde o final de 2016. Ele passou mal na noite de quinta-feira (14) e sofreu uma queda na casa onde mo­rava com o filho caçula, Hugo Tornatore. Os vizinhos aciona­ram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas segundo familiares, sofreu três paradas cardiorrespiratórias no trajeto até a Santa Casa de Mise­ricórdia e não resistiu. Ele tam­bém deixa uma filha, Larissa.

O velório foi realizado na tar­de desta sexta-feira, no Memorial Novo Mundo, e o sepultamento ocorreu em seguida, no Cemi­tério da Saudade, onde estão os restos mortais do pai e da mãe e de seu irmão mais velho. Vários amigos, colegas e admiradores compareceram, entre eles o pre­feito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e vereadores como Lin­coln Fernandes (PDT), Fabiano Guimarães (DEM) e Maurício Vila Abranches (PTB), entre outros. O presidente da Câma­ra, Igor Oliveira (MDB), emitiu nota de pesar, também assinada por seu pai, o deputado estadual Léo Oliveira (MDB).

Vários jornalistas passaram pelo velório. Na próxima terça­-feira, 19 de junho, dia em que Ribeirão Preto completará 162 anos, Nicola Tornatore participa­ria da solenidade de lançamento de seu nono livro, “RMRP – A história da Região Metropoli­tana de Ribeirão Preto” (Corpo 12 Editora), sobre os primórdios das 34 cidades que compõem o conglomerado. Ele também preparava uma obra sobre o Co­mercial Futebol Clube, apesar de ser corintiano e botafoguense, nascido na Vila Tibério.

Durante o período em que atuou neste Tribuna, várias re­portagens de Nicola Tornatore ganharam destaque, como as denúncias dos “supersalários” pagos a alguns servidores, o pa­gamento em duplicidade a ex­-vereadores aposentados e inves­tigados na Operação Sevandija, o projeto que criava o “Uber da educação”, entre outros. Cobria as sessões da Câmara.

Como bom historiador, assi­nava a coluna dominical “Túnel do Tempo”, em que contava his­tórias de Ribeirão Preto e de seus pioneiros. O Tribuna recebeu vá­rias mensagens de pesar durante toda a sexta-feira. O jornal e seus leitores vão sentir muito a falta de Nicola Tornatore, que começou a carreira em 1987, há mais de 30 anos, no jornal A Cidade.

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Prefeito Duarte Nogueira destaca profissional correto

‘Um grande contador das histórias da cidade e da região’

Foi com extremo pesar que recebi a notícia da morte do jor­nalista e escritor Nicola Belonzi Tornatore. Aos fa­miliares quero externar os meus sentimentos. Conheço o Nicola há mais de quatro déca­das e sempre observei nele um profissio­nal correto, tanto com as suas fontes de informação quanto com seus milhares de leitores conquistados ao longo de sua carreira. Sua bandeira foi o jornalismo com profissionalismo, com informações corretas e imparciais. Fiquei mais choca­do porque está marcado para a próxima terça-feira, dia 19, justamente no aniversário de Ribeirão Preto, o livro de sua autoria sobre a Região Metropolitana de Ribeirão Preto, com histórias das 34 cidades, para o qual tive o orgulho de escrever o prefácio. A co­municação de Ribeirão Preto perde um grande profissional. E um grande contador das histórias da cidade e da região.

Duarte Nogueira
Prefeito municipal de Ribeirão Preto

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ACIRP lamenta a morte do jornalista Nicola Tornatore

Nicola faleceu na madrugada desta sexta-feira; ele iria lançar um livro sobre a história de Ribeirão Preto no dia 19

A ACIRP, Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto lamenta a morte do jornalista e historiador Nicola Tornatore.
Nicola faleceu na madrugada desta sexta-feira (15) devido a uma parada cardiorrespiratória. Ele iria lançar, na próxima terça-feira (19), data do aniversário de Ribeirão Preto, o livro “RMRP – A história da Região Me­tropolitana de Ribeirão Preto”, nona obra do autor, sendo a sexta que aborda os primórdios da cidade e dos municípios da região.
Nicola foi um pesquisador, historiador e escritor fascinado pelos acontecimentos da cidade. Com a morte dele, um pouco da história de Ribeirão Preto se perde também.
“O pesar que tenho é que Ribeirão Preto tem uma história linda, mas nenhum cuidado em preservá-la”. Ni­cola Tornatore.

Dorival Balbino
Presidente da ACIRP

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O luto toma conta dos coraçõesde todos os ribeirão-pretanos

Nicola Tornatore foi um grande jornalista, escritor, pai de família e pessoa do bem. Sua morte abre uma lacuna enorme no âmbito da comunicação em nossa cidade.
Nicola era questionador, ousado, tinha profundo conhecimento dos assuntos que abordava e sem sombra de dúvidas se tor­nou uma referência para aqueles que ao seu lado trabalharam.
Nossas mais sinceras condolências aos amigos, companheiros de redação e aos dois filhos. Que a nossa admiração e reconhe­cimento pelo o trabalho prestado à cidade de Ribeirão Preto confortem a todos nesse momento.

Igor Oliveira e Léo Oliveira

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DESTRA PENA – Um jornalista que fez História

O pai queria que ele fosse en­genheiro mecânico. Aos 16 anos de idade já estava na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das mais importantes da América Latina. Tão precoce como sua chegada ao ensino superior, também foi sua decisão em aban­donar a engenharia ao ver o tama­nho do livro de cálculo. De volta a Ribeirão Preto, disse à família que iria cursar direito, mas acabou nas carteiras da faculdade de jornalis­mo, sua genuína vocação.

E logo de cara, ao seu estilo in­quieto, Nicola Tornatore tratou de se empregar para colocar em prá­tica aquilo que já nasceu sabendo fazer: jornalismo. O diploma seria apenas para cumprir a formali­dade da época. Tudo começou no jornal A Cidade, ao lado de Ores­tes Lopes de Camargo e de Juracy Lopes de Camargo. Era bem mais que um jornal diário, uma espécie de grande família.

Nicola dizia sentir saudades daquela época e da influência que o velho A Cidade exercia sobre os destinos políticos de Ribeirão Pre­to. Ele não se cansava em dizer – e relembrar – que a eleição de An­tônio Palocci para a prefeitura de Ribeirão Preto, em 1992, passou pela acanhada sala de Juracy Lo­pes de Camargo, o “Jura”, que lhe encomendou uma matéria por dia falando bem do Palocci. “Foi o pri­meiro prefeito de esquerda eleito na história de Ribeirão Preto”, con­ta, ele mesmo um ex-militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”. “E olha que o senhor Orestes foi presidente de honra da extinta Arena,” dizia.

A chegada de Nicola ao jornal se deu em 1987, após a desistên­cia do jornalista Divaldo Silva – por motivos pessoais – para ocupar uma vaga na redação. “Se você está dizendo que ele é bom, manda ele aqui”, disse “Jura”. Divaldo quis, en­tão, saber se ele tinha diploma. Ao responder que não, recebeu a orien­tação: “Então diz lá que está saindo”.

Historiador – A paixão pela pes­quisa jornalística nasceu ali mes­mo. Dona Jandira Moquenco tinha verdadeiro ciúme da coleção, en­cadernada desde 1905. Ao desco­brir que um PhD cortava com uma régua os trechos históricos que lhe interessava, se enfureceu e proibiu o acesso de qualquer pessoa ao arquivo. Menos o de Nicola, que fi­cou encarregado de organizar toda aquela preciosidade. “Me apaixonei por aquele trabalho e ele despertou em mim o interesse pela pesquisa histórica”, contava.

EDITOR DE POLÍTICA, cobria as sessões da Câmara: esta foto foi a últi­ma de Nicola Tornatore durante votação no plenário do Legislativo

Responsável pela produção de uma coluna diária que relatava fa­tos ocorridos um século antes, na coluna “A Cidade há 100 anos”, que contou com o apoio dos jornalistas João Garcia e Rosana Zaidan, em 2006, Nicola Tornatore, com seu espírito investigativo, descobriu que havia um erro histórico sobre quem teria feito a primeira viagem de São Paulo a Ribeirão Preto de automóvel. A informação era a de que havia sido o inventor do avião, Alberto Santos Dumont, mas não estava correto. “Antonio Prado Jú­nior e Washington Luiz foram os primeiros”, o que desmentia dados relatados pelo memorialista Ru­bens Cione.

Atento a essas distorções his­tóricas, o jornalista tratou de cor­rigi-las em sua coluna, uma forma encontrada para também revisar fatos históricos distorcidos. A co­luna subsistiu até 2008, quando o jornal foi vendido, e ele demitido pelos novos proprietários. “An­tes, em 2005, assinei com Dona Jandira a autoria do livro come­morativo dos 100 anos do Jornal A Cidade”, relembrava.

Depois recebeu um convite para escrever um livro comemorativo dos 10 anos do Novo Shopping. Nascia, então, o historiador Nicola Tornatore. “Vi aí um nicho de mer­cado.” Na próxima terça-feira, 19 de junho, aniversário dos 162 anos de Ribeirão Preto, ele participaria da solenidade de lançamento de seu nono livro, “RMRP – A história da Região Metropolitana de Ribeirão Preto” (Corpo 12 Editora). Este texto é baseado em reportagem concedida ao jornalista José Mário Souza, na revista Revide.

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REGIÃO METROPOLITANA – Editor e filho decidem manter lançamento

EVENTO SERÁ às 19h30, no Novo Shopping

RENATO CASTANHARI: Retidão de conduta e compromisso com a verdade

O editor Renato Castanhari e o filho do jornalista e escritor Ni­cola Tornatore, Hugo Tornatore, decidiram manter o lançamen­to do livro “RMRP – A história da Região Metropolitana de Ribeirão Preto”, nesta terça-feira (19) às 19h30, no Novo Shoppping. “É uma forma que encontramos de homenageá-lo”, disse Castanhari, que ontem retirou o livro da gráfi­ca onde foi impresso. “É inacredi­tável o que se passou”, lamentou.

Para Castanhari, Nicola ‘era um daqueles da velha guarda, com muito senso de ética e retidão de conduta e que mantinha um com­promisso com a verdade. “Ele era empolgado em registrar a História do jeito que ela aconteceu e não da forma como foi contada ao longo do tempo”, desabafa.

Segundo ele, aquilo que seria o lançamento de um livro de grande importância para a região Metro­politana de Ribeirão Preto irá se transformar também em uma homenagem a um amigo. “Será um momento de reverência ao Nicola, por isso resolvemos não adiá-lo,” explica.

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